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5 DE DEZEMBRO DE 2013

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Sr.as

e Srs. Deputados, por falar em mar e em milhões, Os Verdes querem hoje deixar também aqui uma

nota sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo.

Em primeiro lugar, um país que se quer virado para o mar, quando acaba com a potencialidade que tem de

reparação e construção de navios, portanto da indústria naval, comete um enormíssimo erro estratégico.

Em segundo lugar, o Governo justifica a subconcessão dos estaleiros com base na afirmação de que, se

não se desfizesse dos estaleiros, teria que devolver à União Europeia 180 milhões de euros, o que é uma

rotunda falsidade, para além de parecer que está a pedir à União Europeia que os peça de volta. Ora, quando

o pressuposto é falso, é preciso desconfiar que há uma má-fé que julgamos que o Governo teve em todo este

processo.

Em terceiro lugar, no passado mês de Setembro o Partido Ecologista Os Verdes questionou diretamente o

Ministro da Defesa, neste Plenário, sobre a acusação que este fazia de que o anterior Governo queria

despedir 420 trabalhadores dos estaleiros de Viana. Impunha-se, então, perguntar: se o Governo anterior

queria despedir 420, quantos trabalhadores iria despedir este Governo? O Ministro recusou-se a responder,

mas hoje o País já sabe: quer despedir todos os cerca de 620 trabalhadores, causando mais um drama social

e económico na região! E o certo é que o Governo não quis ter dinheiro para investir nos Estaleiros, mas agora

já arranja 30 milhões para pagar despedimentos!

Em quarto e último lugar, a estratégia do Governo foi a de fragilizar a carteira de encomendas, que tinha

um enorme potencial, de modo a afirmar posteriormente que os Estaleiros eram inviáveis, para os entregar

aos privados! É o Governo a desempenhar a sua estratégia neoliberal, a destruir um País que se encontra em

muito más mãos e que só encontrará rumo quando este Governo cair!

Aplausos de Os Verdes.

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, inscreveram-se os Srs. Deputados Helena Pinto, do

BE, Pedro Farmhouse, do PS, Margarida Neto, do CDS-PP e Carla Cruz, do PCP, para lhe pedirem

esclarecimentos.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, o tema que trouxe a debate,

através da sua declaração política, é muito importante para o nosso País, mas é um tema muito importante

para todo o mundo.

A Conferência sobre as Alterações Climáticas que teve recentemente lugar em Varsóvia é um assunto que

não deve passar ao lado deste Parlamento. De facto, é verdade, Sr.ª Deputada, que, como referiu na sua

intervenção, enquanto decorria a Conferência teve lugar um fenómeno climático extremo, o tufão que arrasou

o arquipélago das Filipinas. Parece, de algum modo, uma ironia do destino ou — porque não? — um alerta

para quem se reunia na Conferência.

Mas nem mais esta catástrofe diminuiu a influência dos lobbies nesta Conferência, com particular destaque

para o lobby do carvão. E este é um dos aspetos que eu gostaria que a Sr.ª Deputada abordasse de seguida.

Já sabemos que não se chegou a nenhum acordo vinculativo. Aliás a deceção, e mesmo o repúdio em

relação ao fracasso desta Conferência penso que ficou bem patente no abandono da Conferência por cerca de

800 delegados de organizações não-governamentais.

A conclusão parece-nos óbvia: a Conferência de Varsóvia significou um retrocesso para o ambiente, um

retrocesso para a estratégia mundial sobre as alterações climáticas. É, no fundo, um retrocesso para a

humanidade. Nesta fase, exigia-se mais, muito mais, mas não há compromisso algum, não há medidas

algumas, não há ação concreta.

Sr.ª Deputada, pelo que ouvi da sua intervenção, sei que partilha desta conclusão, mas parece-me ser

importante tirar outra conclusão extremamente preocupante desta Conferência: prende-se com o papel dos

lobbies da indústria poluidora. Isto porque, para além de esta Conferência ter significado um fracasso em

termos das políticas mundiais, ela significou também um caminho aberto aos lobbies das indústrias poluidoras.

E era sobre este aspeto que gostava de ouvir a opinião da Sr.ª Deputada.

Aplausos do BE.