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I SÉRIE — NÚMERO 27

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O Sr. Mota Andrade (PS): — Isso é um disparate!

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — … não há aqui remendos, não há aqui condicionantes ambientais. Esta

barragem vai destruir o vale do Tua, vai destruir uma linha férrea centenária, vai destruir uma paisagem única.

E não traz desenvolvimento, nem emprego. Aliás, o discurso do PS também já mudou, porque, no texto do

projeto de resolução, fala em 4000 a 5000 empregos — e gostava que o Sr. Deputado dissesse (e é pena não

ter tempo para o fazer) onde é que são estes empregos —, mas já diz que é durante a construção da

barragem e não depois, como também se disse, e muito, por aquela zona — e o Sr. Deputado sabe que tenho

razão. Portanto, esta barragem não traz desenvolvimento, nem emprego!

O Sr. Mota Andrade (PS): — Leia o texto, Sr.ª Deputada! Leia, se faz favor!

A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Mas eu acabei de dizer que li o texto, Sr. Deputado! E os senhores já

recuaram dizendo que é só durante o período de construção da barragem que existirão esses empregos.

Depois, Sr. Deputado, a questão que se coloca — e que se coloca a todos — é esta: que país, mesmo no

contexto mundial, troca uma paisagem única, com grande potencial de desenvolvimento para as populações,

por uma barragem que contribuirá em 0,1% para a energia desse país? Que país faz isto? Um país que aspira

ao desenvolvimento? Não, Sr. Deputado! E, infelizmente, esta é uma herança do Governo do Partido

Socialista.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa

Apolónia, de Os Verdes.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Talvez gostasse de

começar por dizer que, numa cultura política absolutamente bacoca, o socratismo e, em geral, o PS querem

deixar a barragem do Tua como a sua grande obra. É esta a vossa lógica.

O Sr. Mota Andrade (PS): — É mas é a sua lógica!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É, Sr. Deputado Mota Andrade!

Então, o PS assume-se claramente como o coveiro do vale do Tua e o coveiro da linha do Tua. Pior:

arredado o PS do Governo, seria normal que se voltasse atrás neste crime ambiental e patrimonial. Mas nada

disso! O PSD e o CDS juntam-se ao PS na prática deste crime ambiental e patrimonial.

Risos de Deputados do PSD.

Com que argumento? Talvez a grande gaffe inicial da, na altura, Sr.ª Ministra da Agricultura e do Ambiente

tenha sido a de dizer «a obra está demasiadamente avançada, o paredão está construído». Nada disso! Não

estava! «A obra está muito avançada», continua a dizer a maioria PSD/CDS.

Mas quero lembrar às Sr.as

e aos Srs. Deputados que, quando a barragem de Foz Côa parou, estava muito

mais avançada do que está, neste momento, a barragem de Foz Tua. Não será, portanto, razão suficiente

para se sustentar o avanço desta obra.

Sr.as

e Srs. Deputados, gostava também de referir que este processo nasceu muito torto, com muito

secretismo, com muita coisa por clarificar — e, se calhar, não por acaso. Por exemplo, relembro a própria

avaliação de impacte ambiental e a própria avaliação estratégica do Programa Nacional de Barragens que

deixou uma série de parâmetros por avaliar, designadamente os efeitos destas barragens sobre a erosão do

litoral. Estamos sempre a discutir os problemas no litoral, o investimento no litoral, o impacte das alterações

climáticas — e, aqui, não se estuda uma matéria tão fulcral quanto esta.