I SÉRIE — NÚMERO 27
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Risos do CDS-PP.
… é para dizer que, afinal, o Governo fez aquilo que o Partido Socialista não conseguiu fazer e que aqui já
foi dito, ou seja, o Governo conseguiu dar toda a informação à UNESCO, toda a informação solicitada e
negociada com rigor. E sabe o que aconteceu em junho de 2013, Sr. Deputado? A UNESCO reconheceu que
este projeto não é incompatível com a manutenção da classificação, como património mundial, do Alto Douro
Vinhateiro.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Como sempre dissemos!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Mas foi preciso explicar, foi preciso fazer um trabalho diligente.
Como também pode ser para elogiar o exaustivo trabalho de rigor feito pelo Governo, no sentido de garantir
uma boa avaliação de impacte ambiental, uma boa avaliação estratégica do projeto e que culminou não só em
minimizar aquilo que são os impactes porventura negativos mas também em garantir as compensações. E as
compensações até foram aqui bem descritas pelo Sr. Deputado, ao dizer que há um conjunto de projetos que
podem minimizar eventuais impactes negativos ou até — por que não? —, fomentar uma nova criação de valor
na área do turismo: um espelho de água, um parque natural que proteja a fauna e a flora, a criação de nova
oferta turística ou até a valorização, minimizando e compensando, daquilo que é hoje o interesse e o valor
turístico do Douro, património mundial, e do Alto Douro Vinhateiro. Foi necessário avaliar de forma rigorosa as
alterações climáticas, que podem pôr em causa — apesar de se ter reduzido também a quota — a anulação
dos hectares de vinha afetada e vinha classificada.
Portanto, o que fez este Governo? Fez aquilo que o Governo do Partido Socialista, que tinha aqui uma
vontade intrínseca de fazer mais uma PPP, deveria ter feito, em tempo, em relação a um projeto destes. Quem
não se lembra daquele filme intitulado Pare, escute, olhe e de o ex-Primeiro-Ministro se virar para o lado e
dizer «já só falta o betão»?! Era mais forte do que a própria vontade de estudar a coisa com rigor,…
O Sr. Mota Andrade (PS): — Era a realidade da altura!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … de estudar a coisa no sentido de que uma obra que tem impactos
evidentes, uma obra que de facto tem constrangimentos, possa, ela mesma, ser feita com rigor e com cuidado,
de modo a ser, ela própria, um fator de desenvolvimento da região e de valorização do território. Ora, é isso
que estamos a fazer.
O que é que diz a EDP? Que, em setembro de 2016, a obra estará a funcionar. O que é que pede o Partido
Socialista? Que ela salvaguarde os valores patrimoniais, naturais e paisagísticos. O que é que este Governo
está a fazer? Exatamente isso. Para que é que serve o projeto de resolução? Não percebo, Srs. Deputados.
Mas, ainda assim, muito obrigado pelo elogio à ação do Governo.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma última intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Machado, do PCP.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PCP sempre disse que é possível
conciliar no nosso País dois interesses objetivamente contraditórios.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Não, não!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Neste caso, é possível conciliar os interesses ambientais, aqui em
discussão, com o interesse nacional de construir barragens e o plano nacional de barragens — é possível
compatibilizar esses interesses.