13 DE DEZEMBRO DE 2013
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especialidade, os contributos de todas as forças políticas deste Parlamento, principalmente do Partido
Socialista, o maior partido da oposição e tantas vezes com funções de responsabilidade governativa.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Na ânsia de
privatizar e transferir cada vez mais dinheiro do Orçamento do Estado para meia dúzia de grandes grupos
económicos, o Governo PSD/CDS vai concretizando o seu projeto político de reconfiguração do Estado,
atacando os trabalhadores e os serviços públicos, uma das principais conquistas do 25 de Abril de 1974.
Usando as portas que o PS abriu para concretizar o seu objetivo político, o Governo PSD/CDS ataca a
Constituição e as obrigações que esta impõe ao Estado. A ideia é simples: um Estado mínimo para quem
menos pode e tem e um Estado máximo para os mais ricos e poderosos.
Tendo por base um preconceito e objetivos ideológicos contra o setor público, tudo serve para denegrir e
atacar os seus trabalhadores.
Primeiro, veio a ideia que os trabalhadores da Administração Pública eram uns privilegiados — estratégia
do anterior Governo, do PS, para justificar um brutal ataque aos trabalhadores; agora, ao mesmo tempo que
alteram para pior o Código do Trabalho, vem a ideia da dita convergência com os direitos dos trabalhadores do
setor privado.
Assim, e ao mesmo tempo, vão atacando os direitos de todos os trabalhadores portugueses!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A presente proposta de lei do Governo
PSD/CDS não é uma mera compilação de normas. Este diploma encerra um novo ataque aos trabalhadores.
A proposta de lei estipula como regra o contrato de trabalho em funções públicas em detrimento do vínculo
público de nomeação.
Importa lembrar que foi o PS que, com a Lei n.º 12-A/2008, lei do contrato de trabalho em funções públicas,
consagrou esta separação e retirou o vínculo público de nomeação, fundamental para garantir a estabilidade e
a independência a milhares de trabalhadores da Administração Pública.
Nesta questão central, PS, PSD e CDS adotam uma conceção de Estado tipicamente neoliberal, em que o
Estado garante ao Exército, às forças de segurança, aos tribunais e pouco mais, o vínculo público de
nomeação, sendo que em todas as restantes funções se estipula o contrato de trabalho em funções públicas,
um vínculo mais precário, mais frágil e que visa facilitar o processo de privatização dos serviços públicos.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Neste diploma, o Governo consagra o aumento do horário de trabalho e
vai mais longe na sua desregulação com as adaptabilidades e os bancos de horas.
Consagra a dita requalificação, a mobilidade especial do PS que, que conjuntamente com um programa de
rescisões, visa criar as condições necessárias para forçar a saída de milhares de trabalhadores da
Administração Pública.
Este diploma ataca o movimento sindical, diminuindo o número de delegados sindicais, e propõe medidas,
não para melhorar a participação dos trabalhadores, mas para tentar fragilizar os sindicatos.
O Sr. David Costa (PCP): — É uma vergonha!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — E as medidas que a Sr.ª Deputada do PSD diz que se mantêm só não são
eliminadas porque a Constituição não lho permite.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!