19 DE DEZEMBRO DE 2013
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Há duas normas que, como o Sr. Deputado sabe, apesar de terem sido construídas com base num acordo
social, que envolveu associações empresariais e uma central sindical, a UGT, não mereceram da parte do
Tribunal Constitucional uma avaliação positiva, pelo que precisam de ser clarificadas. O Tribunal
Constitucional não pôs em causa a natureza constitucional do objetivo das medidas, mas levantou
observações de natureza formal que precisam de ser afastadas. O Governo não deixará de o fazer, em
concertação com os parceiros que estiveram na base da primeira solução, e não deixará de trazer essa
matéria ao Parlamento, a seu tempo, para que a mesma possa ser novamente avaliada.
Tirando isso, a avaliação do Governo é que as alterações que era importante realizar no âmbito da
legislação laboral estão feitas e, portanto, não temos intenção de levar mais longe esse programa.
Em segundo lugar, o Sr. Deputado disse que existe uma propaganda em torno da retoma económica. Sr.
Deputado, não há propaganda nenhuma, existem é dados que são publicados por instituições oficiais: o
Instituto Nacional de Estatística e o Banco de Portugal. Não é o Governo, Sr. Deputado. Não há nenhum
Ministro do Governo a produzir resultados económicos, nem estatísticas do desemprego ou do emprego. São
as instituições oficiais que o fazem. Desde o início do ano que o desemprego está a diminuir e o emprego está
a aumentar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tivemos a economia a crescer no segundo trimestre de uma forma muito
significativa, tivemos a economia a crescer no terceiro trimestre o dobro do ritmo da União Europeia na zona
euro e a nossa confiança — aí, sim, falamos de estimativas, as quais são também partilhadas pelo Banco de
Portugal, neste caso — é a de que 2014 será um ano de recuperação.
Quanto à questão colocada a propósito das declarações do Presidente do BCE, no caso do Sr. Deputado
António José Seguro não será surpresa porque tive ocasião de o informar direta e pessoalmente sobre esta
matéria,…
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas posso dizer ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, tal como já tinha
afirmado ao Sr. Deputado António José Seguro,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Afinal, era pergunta de retórica!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que não existe nenhuma negociação em curso visando a saída do
Programa por parte de Portugal. E, como o Presidente do BCE esclareceu, compete ao Governo português
apresentar às instituições europeias a sua estratégia para saída do Programa de Assistência Económica e
Financeira. Não só ainda não houve negociações,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Antes pelo contrário!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … como não houve sequer, formalmente, qualquer troca de informações sobre
esta matéria.
Aproveito para dizer, mais uma vez, que o Governo português não estigmatiza nenhuma das
possibilidades, repito, não estigmatiza nenhuma das possibilidades; poderemos vir a negociar uma linha
precaucionária para saída do Programa, ou não. É uma avaliação a que o Governo português irá proceder na
altura própria. Não deixará de consultar os seus parceiros europeus, com os quais essa solução deve ser
também partilhada, o que iremos fazer no Eurogrupo e no Ecofin a partir do final do mês de janeiro, sendo
que, nessa data, não será anunciada uma decisão, mas iremos começar a trocar impressões com os nossos
parceiros sobre esta matéria e a avaliar a situação.
Portanto, Sr. Deputado, não há nem insucesso do Programa, nem negociações. Quero mesmo dizer que
quem se der ao trabalho de ir ver as declarações que o Presidente do Banco Central Europeu produziu
verificará que ele respondeu a perguntas de Eurodeputados portugueses que questionavam que tipo de