I SÉRIE — NÚMERO 30
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demasiadamente baixa. De facto, isso foi alterado ao longo do ano e nós estamos a fechar o ano com quase
90 000 jovens cobertos pelas medidas do Impulso Jovem.
Significa isto, Sr. Deputado, que, apesar de tudo, o Impulso Jovem cumpriu a sua missão e aproveito
também para divulgar — embora já hoje de manhã me tenha referido a essa matéria, num seminário
promovido pelo Conselho Nacional de Juventude sobre políticas de emprego para a juventude — que a
avaliação mais recente aponta para uma taxa de sucesso de cerca de 67%, relativamente à medida de
estágios que correu no âmbito do Impulso Jovem.
Quanto à questão da dupla condicionalidade macroeconómica no âmbito do quadro financeiro plurianual,
que o Sr. Deputado coloca, quero dizer que o Governo português manifestou, desde o início, não só reserva
mas também oposição, como outros Governos, a esta dupla condicionalidade.
O Orçamento europeu, o quadro financeiro plurianual, é obtido por consenso e, portanto, por unanimidade
do Conselho Europeu. O que teria acontecido se algum país bloqueasse, por esta razão, a proposta de
Orçamento europeu? Nós estaríamos hoje numa posição muito diferente, que era a de não ter perspetivas
financeiras para os próximos sete anos. E foi estritamente, na avaliação, no balanceamento entre as
vantagens e desvantagens de bloquear um Orçamento europeu ou de o poder alcançar com algum acordo que
nós, como todos os outros Governos europeus, optámos por viabilizar o Orçamento.
Portanto, Sr. Deputado, tal como no Parlamento Europeu, vários primeiros-ministros tiveram esta matéria
como uma matéria de reserva e julgo que não faltarei à verdade se disser que a grande maioria dos chamados
«países da coesão», que integravam o Grupo da Coesão, mantiveram, até ao final, a sua reserva quanto a
esta dupla condicionalidade.
É verdade que nenhum governo bloqueou o Orçamento por esta razão, mas confesso que fui daqueles que
ficou a torcer para que fosse possível ainda, ao nível do Parlamento Europeu, encontrar uma melhor solução.
Mas também no Parlamento Europeu, a maioria dos Deputados portugueses entendeu, e não foram só os do
meu partido, que não fazia sentido esse bloqueio à União Europeia por causa desta matéria.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado António José Seguro, faça favor.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não o acompanho nessa
atitude e nesse posicionamento, porque é verdade que, se houvesse um país, um Estado-membro, que se
opusesse e batalhasse até ao fim para que não existisse essa dupla condicionalidade, o Orçamento da União
não poderia entrar em vigor. Mas, como o Primeiro-Ministro reconheceu, e bem, havia vários Governos que
estavam interessados, designadamente os da coesão, em fazer essa batalha.
Aquilo que eu não compreendo é como é que não se criou um bloco político que demonstrasse a quem
manda na Europa a evidência. E a evidência é muito simples: é que são precisamente os países da coesão
aqueles que não podem ter uma dupla condicionalidade. E o pior é que, quando há um país da coesão que
está sob assistência financeira, é esse país que precisa da ajuda e da solidariedade europeias para corrigir os
seus desequilíbrios económicos e não de uma dupla sanção.
Por isso, o que a Europa decidiu é pior do que um bloqueio durante dois ou três meses ao Orçamento da
União Europeia. O que a Europa decidiu é que um país que não cumpra as metas do Tratado e esteja no
âmbito da coesão pode, para além da sanção pecuniária, ter que ficar privado de uma parte dos fundos
comunitários. Ora, isso é gravíssimo! É de uma enorme gravidade, porque estamos a falar do maior volume de
fundos comunitários, de investimento para o nosso País.
Portanto, nós vamos ter — o seu Governo e os governos seguintes até 2020 — uma lâmina no pescoço,
em virtude de poder não cumprir esses objetivos da zona euro, e que não depende de nós mas, muitas vezes,
das circunstâncias, do desempenho da economia da própria euro-zona. Aí é que nós devíamos ter batalhado
pela solidariedade europeia.
Devo dizer-lhe, com total clareza e frontalidade: continuo a não compreender como é que o Governo
português cedeu nesta dupla condicionalidade, que penaliza fortemente os portugueses e a nossa economia.
Aplausos do PS.