19 DE DEZEMBRO DE 2013
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Muito obrigada, Sr.ª Presidente.
Sr. Primeiro-Ministro, o que é trágico é que Portugal, tanto no Conselho Europeu como no Parlamento
Europeu, tenha tantos inimigos que vêm do seu próprio País.
Na verdade, o Sr. Primeiro-Ministro não quer falar de nenhum destes temas que interessam à vida dos
portugueses e que estão ligados com as políticas europeias, porque não quer responder sobre as suas
responsabilidades, sobre a sua destruição do País.
Digo-lhe mais: há pouco, assistia à troca de impressões entre o Governo e o Partido Socialista sobre as
duplas sanções e o quadro plurianual da União Europeia. Sabe o que achei, Sr. Primeiro-Ministro? Que tudo
isso é uma farsa e que precisamos de discutir a sério. E sabe por que é uma farsa? Porque quem aprovou o
documento que tem duplas sanções foi tanto o PSD e o CDS como o Partido Socialista. E sabe por que
existem duplas sanções? Porque existiram as primeiras sanções. E sabe quem fez os documentos, quem foi
relator das primeiras sanções? Eu digo-lhe: o relator do regulamento das sanções foi Diogo Feio,
Eurodeputado do CDS, e o relator da governação económica que contém as primeiras sanções foi Elisa
Ferreira, Eurodeputada do Partido Socialista.
Portanto, sabemos que, quando estamos na Europa, não temos ninguém a representar o País, não há
ninguém a defender os interesses de Portugal.
O que sabemos, Sr. Primeiro-Ministro, é que não há saída da crise sem desobediência à Europa da troica,
é que ou há rutura com a austeridade de Angela Merkel, ou seremos cada vez mais pobres, é que ou se põe
fim à chantagem da finança e se renegoceia a dívida, ou a soberania do povo não é mais do que uma
miragem.
E a tragédia do nosso País, Sr. Primeiro-Ministro, é saber que nem o senhor, nem o seu vice, serão alguma
vez capazes de outra coisa que não a subserviência perante a Europa.
E é por isso, porque nunca defende os interesses do nosso País, que o seu Governo não pode representar
Portugal.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Vamos prosseguir com uma intervenção da Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os
Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quero voltar às afirmações
do Sr. Presidente do Banco Central Europeu, porque julgo que as mesmas são mais preocupantes do que
aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro procura fazer crer.
O que o Sr. Mario Draghi afirmou foi que haverá um programa em Portugal depois do da troica. E o Sr.
Primeiro-Ministro chega hoje aqui e tenta desvirtuar estas palavras, dizendo que aquilo que ele disse foi que,
se for preciso, haverá um programa ou uma ajuda.
Sr. Primeiro-Ministro, são coisas substancialmente diferentes, porque uma coisa é o que foi afirmado e
outra é procurar menorizar o que foi afirmado.
Mas, para nós percebermos exatamente a questão, pergunto: quando o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo
ouviram estas declarações, fizeram alguma coisa pela dignidade de Portugal?
A Sr.ª Presidente: — Faça favor, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada, confesso que até fiquei um pouco espantado
com a forma como rematou a sua pergunta. É que a Sr.ª Deputada pode não querer ser esclarecida sobre a
questão das declarações do Presidente do Banco Central Europeu, e nós não podemos esclarecer quem não
quer ser esclarecido.
Essa matéria está, julgo, amplamente clarificada, até pelo próprio, que é a quem compete esclarecer o que
quer ou não dizer com as suas próprias afirmações. Não é o Governo português que tem de clarificar as
declarações que o Presidente do Banco Central Europeu faz; ele é que pode precisar ou não de clarificar as
declarações que faz.