19 DE DEZEMBRO DE 2013
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absolutamente preocupante, Sr. Primeiro-Ministro, fundamentalmente para um povo que sofre aquilo que os
portugueses sofrem.
Mesmo para terminar, Sr. Primeiro-Ministro, gostava de saber se, quando, lá, no Conselho Europeu,
discutirem matérias económicas e sociais, o Governo português pode suscitar a necessidade de a Europa
desistir desta famigerada proposta da lei da comercialização das sementes.
Sr. Primeiro-Ministro, aquilo que está em causa é um grande favor às multinacionais e um grande ataque
aos pequenos agricultores, detentores de sementes tradicionais. Aquilo que a Europa se prepara para fazer é
a ilegalização de sementes tradicionais e um impedimento da salutar troca de sementes. É da segurança
alimentar, é da agricultura tradicional que se trata.
Sr. Primeiro-Ministro, se quer defender também os interesses de Portugal — e, na verdade, também os
interesses da Europa —, por favor, impeça o avanço desta famigerada lei da comercialização das sementes.
A Sr.ª Presidente: — Termina aqui a intervenção de Os Verdes. A próxima intervenção cabe ao CDS-PP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro, o
debate de hoje é sobre o Conselho Europeu e sobre o estado da União, o que é uma novidade no nosso
agendamento. Refiro-o para que quem não esteve a acompanhar este debate desde o início o possa centrar
naquilo que é de facto a agenda do mesmo: o Conselho Europeu e o estado da União Europeia.
Sr. Primeiro-Ministro, o Conselho Europeu agenda pontos que o CDS considera importantes. Desde logo, a
questão da imigração e da necessidade de haver uma política comum e de resposta comum, em que haja
solidariedade Norte/Sul no combate a um fenómeno e a um flagelo que já tirou demasiadas vidas, pelo que
urge essa mesma resposta comum. Esta é a primeira nota que gostaria de deixar.
A segunda nota, Sr. Primeiro-Ministro, é para dizer-lhe que, para nós, as questões relativas à segurança e
defesa são matérias importantes, que devem, aliás, merecer — e estamos confiantes de que irão merecer —
um amplo consenso entre os partidos do arco da governabilidade, que entendem que Portugal deve estar na
União Europeia, não só por força do contexto internacional difícil que atravessamos, mas até pela nossa
política de vizinhança. É preciso não esquecer a indefinição política do norte de África, a escalada de
movimentos radicais, os fluxos de armamento, alguns mais controlados do que outros, e até o terrorismo, que
vão desde a costa ocidental africana até ao Médio Oriente e mesmo até à Ásia Central. Portanto, no âmbito da
política de vizinhança, é importante que Portugal pertença a um bloco — seja ao bloco já aqui referido, seja ao
nível da União Europeia — que dê uma resposta do ponto de vista da segurança e defesa, que é essencial
como guardião do principal e primeiro direito, que é o direito à segurança e à defesa que todos nós temos.
Portanto, a desvalorização que, de alguma forma, foi feita — não, obviamente, pelo maior partido da
oposição — parece-nos descabida, até na forma como foi feita, porque é evidente que só um espaço seguro
pode, do ponto de vista do combate à crise económica e do crescimento económico, garantir condições para
que haja investimento externo, nomeadamente de economias emergentes pertencentes a outros continentes,
que obviamente não vão investir em continentes que estão debaixo de alguma insegurança ou de um conflito
armado.
De resto, a causa e o principal objetivo da criação da União Europeia foi justamente esse: garantir, como
tem garantido, um período de paz duradoura no espaço europeu. Portanto, esta é uma matéria importante que
gostaria de referir.
Não vou, obviamente, Sr. Primeiro-Ministro, fugir à segunda parte da agenda, que tem a ver com as
matérias económicas e financeiras, que o Sr. Primeiro-Ministro, e bem, assinalou, referindo a necessidade de
a Europa ser mais ambiciosa na perspetiva da união bancária e da união monetária.
Quero também referir — e sobre isto não vale a pena estar a criar polémicas artificiais, que, essas sim, não
interessam ao País e em nada resolvem os muitos problemas dos portugueses — as declarações do
Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, no Parlamento Europeu, numa audição regimentalmente
devida e sobre as quais o Sr. Primeiro-Ministro foi muito claro.
Disse o que nos parece ser relativamente normal e que qualquer pessoa de bom senso percebe: primeiro,
que a decisão do momento de saída do Programa será tomada a seu tempo. Eu diria até — não foi dito, mas
digo eu —, dando um conselho para todos nós, que era bom que nos concentrássemos em acabar o