19 DE DEZEMBRO DE 2013
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O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, outro ponto importante da agenda deste Conselho
diz respeito às políticas sociais, às políticas de estímulo ao crescimento da economia e à criação de emprego,
não só aquelas que decorrem agora da concretização do quadro financeiro plurianual — tal como disse o Sr.
Primeiro-Ministro, criou um novo ambiente a par das perspetivas de crescimento económico de toda a União
Europeia —, mas porque está em cima da mesa (e o Sr. Primeiro-Ministro já o referiu também) a
implementação de um programa muito importante. Trata-se do programa Garantia Jovem, que em Portugal
vem no seguimento do programa Impulso Jovem, que, contrariamente aquilo que foi mencionado em algumas
intervenções, teve um efeito muito positivo e uma abrangência significativa, pois estamos a falar de 90 000
jovens que foram abrangidos por este programa até novembro.
Sr. Primeiro-Ministro, coloco-lhe duas questões relativamente à expetativa que o Governo tem no que toca
a este novo programa.
A primeira questão consiste em saber se vai ser possível desburocratizar ainda mais o acesso a este
programa, uma vez que foi uma dificuldade sentida, sobretudo no início da implementação do programa
Impulso Jovem. Creio que é importante que não haja burocracia a mais no acesso dos jovens e das empresas
a este tipo de estímulo.
Em segundo lugar, gostaria de saber se o Governo, tal como foi feito no Impulso Jovem, vai estender a
aplicação deste programa até aos 30 anos, visto que a posição inicial da Comissão Europeia era a de ele se
dirigir apenas a jovens até aos 25 anos.
O Sr. Primeiro-Ministro também se referiu há pouco às políticas de segurança e defesa e, nesse âmbito,
não podemos deixar de estar mais de acordo em que a União Europeia deve encontrar novas respostas para
estes fenómenos de imigração, sobretudo para evitar acontecimentos trágicos como aquele que sucedeu em
Lampedusa e que, de resto, motivou uma posição unânime do Parlamento português, ou seja, um projeto de
resolução que foi aprovado por unanimidade.
Também ficamos com a expetativa de que estas palavras e este sentimento do Parlamento português, de
todos os parlamentares desta casa, não estão a cair em saco roto e que, no âmbito da União Europeia, o
assunto está a merecer uma atenção particular, indo este Conselho Europeu dedicar-lhe essa mesma
atenção.
Sr. Primeiro-Ministro, termino, voltando ao início. De facto, estamos a seis meses de terminar o nosso
Programa de Assistência Económica e Financeira…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Cinco meses!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Perdão, são cinco meses. Já estamos ainda mais perto.
Também passámos em dez das doze avaliações, pelo que creio impor-se ao Governo, ao Parlamento, a
todos os órgãos de soberania, às instituições, assumirmos a responsabilidade de não desperdiçar tudo aquilo
que fizemos até agora.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Um pouco por toda a Europa, e até fora da Europa, há vários dirigentes
políticos e várias instituições que têm reconhecido este esforço e este progresso de Portugal nos últimos dois
anos. Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, não posso deixar de perguntar que sentido faz que sejamos nós, em
Portugal, quando lá fora há este reconhecimento de forma tão vincada, a colocar em causa e a podermos,
enfim, ventilar a hipótese de desperdiçar tudo aquilo que fomos capazes de construir ao longo dos últimos
meses e dos últimos anos. Que sentido faz que se ande a destempo — completamente a destempo! —, a criar
cenários, a especular sobre programas adicionais, quando devíamos estar todos concentrados em enterrar de
vez a condicionalidade externa das nossas decisões e esta sina constante de termos de recorrer a resgates
financeiros para podermos cumprir as principais obrigações do Estado?