19 DE DEZEMBRO DE 2013
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Relativamente ao mecanismo único de resolução, apontávamos para a criação de uma autoridade europeia
de resolução que tivesse à sua disposição um fundo europeu com uma garantia adequada em termos
europeus.
Em relação a esta matéria, alguns países manifestaram reservas e a Alemanha, neste assunto preciso,
manifestou grande reserva. Foi essa a razão que determinou que existisse uma nova ronda do Eurogrupo e
Ecofin — ainda esta semana estava ou está a decorrer em Bruxelas — justamente para se chegar a um
entendimento que facilitasse a decisão do Conselho Europeu.
O que é que está em dúvida nesta matéria? Saber se, criada uma autoridade europeia que decida pela
resolução de um determinado banco, deve ou não existir um fundo europeu que cubra as necessidades
financeiras que serão exigíveis caso isso seja necessário, quer dizer, caso aqueles que devem responder
financeiramente pela resolução do banco não sejam suficientes ou não ofereçam as garantias suficientes.
Ora, a posição que o Governo português exprimiu é a de que se há autoridade europeia que pode
determinar a resolução de um banco deve ser um fundo europeu a fazer face a essas necessidades
financeiras. Não pode haver uma entidade em Frankfurt ou em Bruxelas que decide resolver um banco e
depois que o cheque seja endossado ao país a que pertence esse banco. É esta a questão que está em
discussão.
Sabemos que um fundo dotado pela indústria demorará vários anos a ter a capacidade suficiente para
responder perante estas eventuais necessidades. E serão eventuais porquê? Porque, havendo um mecanismo
único de supervisão, é natural que diminuam drasticamente as necessidades de resolver bancos no futuro,
mas pode haver. Ora, é importante que enquanto esse fundo não estiver devidamente constituído possa existir
uma garantia de natureza europeia e, nesta matéria, de um modo geral, as instituições alemãs — não é,
portanto, uma matéria de natureza ideológica, trata-se da observação que os alemães têm manifestado sobre
esta matéria —, têm uma reserva de fundo.
Ora, temos procurado, com outros países, persuadir a Alemanha de que faz sentido completar o edifício da
união bancária, oferecendo a garantia a todos os agentes de que, se depois do bail-in dos bancos que tiver de
ter lugar em caso de resolução houver ainda necessidade de fundos adequados para resolver a instituição,
eles não venham dos países que tenham de recorrer a mecanismos europeus para suportar essas
necessidades financeiras. É justamente assim que se quebra o ciclo vicioso entre dívida soberana e dívida
bancária.
O Sr. João Galamba (PS): — Não é bem assim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, não tem sido ainda possível obter da parte da Alemanha uma resposta
positiva, mas estamos a trabalhar no sentido de ir tão longe quanto possível nesta matéria.
Como disse há pouco em resposta ao Sr. Deputado António José Seguro a propósito de uma outra matéria,
quando 28 países têm de decidir em matéria de regulamento, é possível que alguns não estejam de acordo,
mas é necessária uma minoria de bloqueio para garantir que uma determinada diretiva ou regulamento não
seja adotada.
Nós procuraremos que este consenso seja tão largo quanto possível e não fazemos nenhuma observação
de natureza moralista sobre a posição de outros países europeus, nesta como em nenhuma outra matéria.
Mas procuraremos persuadi-los das nossas convicções nesta matéria. Uma união bancária será tão mais
robusta quanto não houver dúvida sobre a forma como estes mecanismos vierem a funcionar no futuro.
Finalmente, Sr. Deputado, quanto à questão relacionada com o funcionamento do nosso programa de
financiamento plurianual até 2020, quero recordar que, nos termos do quadro financeiro plurianual, obtivemos,
em relação a propostas que formulámos no Conselho Europeu, uma resposta positiva, que foi confirmada no
Parlamento Europeu e que foi importante para nós.
Já referi há pouco a questão da política agrícola comum no que respeita ao primeiro pilar e à convergência
que, pela primeira vez, se iniciou para a média de pagamentos feitos aos agricultores europeus.
Porém, no segundo pilar garantimos cerca de 4000 milhões de euros de investimento, dos quais 500
milhões não estão sujeitos a cofinanciamento.