I SÉRIE — NÚMERO 31
10
dizer que tem umas ideias muito iluminadas sobre a proximidade e o conhecimento do Governo e que vai fazer
uma nova geração de lojas do cidadão e com isso resolve os problemas dos serviços públicos no nosso País!
Sr. Ministro, porque não há tempo para mais, já que o senhor quer falar tanto das lojas do cidadão,
responda a duas perguntas muito concretas: como é que vão ser os novos postos nas lojas dos CTT que,
como sabemos, infelizmente, foram privatizados por este Governo? Já agora, Sr. Ministro, vai haver
pagamento aos CTT em relação a estes serviços? Quem é que vai pagar? Quem é que vai pagar por os
postos dos CTT passarem a ter postos de informação e alguns serviços aos cidadãos?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é de Os Verdes.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados, Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, certamente que concordará comigo se eu
disser que as condições e o nível de vida dos portugueses dependem, em grande medida, de serviços
essenciais que são prestados pela Administração Pública, nomeadamente, a nível dos serviços de saúde, de
educação e de segurança social. E se nós fizermos uma reflexão, se nos detivermos no número de
portugueses que são abrangidos por esses serviços públicos, chegamos a valores que são suficientemente
claros para se perceber que a vida atual dos portugueses está muito dependente da existência e da qualidade
dos serviços públicos.
À medida que o Governo vai caminhando num empobrecimento dos portugueses, mais evidente se vai
tornando a necessidade de o Governo assumir as suas responsabilidades tanto ao nível das funções sociais
do Estado, como ao nível dos serviços públicos.
Sucede que o Governo não só continua a empobrecer os portugueses como continua a destruir e a
privatizar os serviços públicos. Aliás, este caminho que o Governo teima em prosseguir faz-nos lembrar o Rei
Midas. Ao Rei Midas era atribuída a faculdade de transformar em ouro tudo o que tocava, em tudo o que
tocava o Rei Midas transformava em ouro. Este Governo em tudo o que toca e que seja público de duas, uma:
ou encerra ou privatiza. O Governo mexe e, quando mexe, transforma o que é público em privado. Fantástico!
O Governo transforma as funções sociais do Estado e os serviços públicos em meras mercadorias, ou seja,
para engordar o mercado aos privados, o Governo obriga os contribuintes a voltar a pagar aquilo que já foi
pago pelos seus impostos. É isto que o Governo tem andado a fazer.
Mas, tratando-se do Ministério que até tem a área do desenvolvimento regional, pelo menos no nome,
gostaria, Sr. Ministro, que nos dissesse de que forma é que o universo de encerramentos, que, aliás, parece
não ter fim e que o Governo está a fazer por todo o País, contribui para o desenvolvimento regional. Estou a
referir-me, por exemplo, ao encerramento de serviços de saúde, de escolas, à extinção de freguesias, ao
encerramento de postos de correio, de repartição de finanças, de tribunais, a constrangimentos, a limitações e
ingerências no exercício da competência das autarquias, ao encerramento de postos da GNR, e por aí fora.
Gostaria, Sr. Ministro, que nos dissesse de que forma é que estes encerramentos estão a potenciar o
desenvolvimento regional.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, tem a palavra para responder.
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — Sr.ª Presidente, os Srs. Deputados Jorge
Machado, José Luís Ferreira e Helena Pinto falaram muito de encerramentos. A realidade é que não há
nenhum encerramento.
Vozes do PCP: — Não há?!
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — Eu não falei de nenhum encerramento.