20 DE DEZEMBRO DE 2013
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públicos. Esta é uma opção clara de desinvestimento em estruturas públicas que garantem as funções sociais
do Estado contra os trabalhadores e que lhes impõe um caminho de retrocesso.
Nas 305 missões de proteção de crianças e jovens em risco existem 69 000 crianças sinalizadas para
apenas 192 técnicos, o que é claramente insuficiente; no acompanhamento do RSI (rendimento social de
inserção) existe um técnico para mais de 500 processos; a taxa de desemprego continua em níveis muito
elevados. E o que é que este Governo PSD/CDS faz? Dificulta o acesso dos trabalhadores ao subsídio de
desemprego ou à reforma por limite de idade com regras injustas.
O corte e congelamento generalizado dos abonos de família, das reformas e pensões atinge milhares de
portugueses, que, em muitos casos, devido à existência da condição de recursos, são considerados ricos,
para quem sobrevive com mais de 628 €. Já nem a atualização das pensões mínimas em poucos euros
consegue disfarçar nem servir de máscara política ao CDS-PP, porque esse pequeno pagamento não chega,
em muitos casos, para pagar os brutais aumentos da renda da casa e uma vez que a lei das rendas vem
implicar o aumento da conta da luz e da água.
O cumprimento do pacto de agressão da troica por parte deste Governo já abriu a porta de saída a
milhares de funcionários da Administração Pública, deixando muitas estruturas públicas numa completa
desorganização.
Quem se desloca hoje para ser atendido num balcão da segurança social percebe facilmente a situação
caótica em que o atual Governo está a deixar os serviços. O PCP defende a valorização da segurança social
como um direito conquistado pelo povo e pelos trabalhadores e, por isso, defende a reposição imediata dos
quarto, quinto e sexto escalões do abono de família, como também defende a eliminação da condição de
recursos, que reduz a abrangência dos montantes atribuídos em diversas prestações sociais.
Sr. Ministro, se pretendem acabar ou reconfigurar a segurança social assumam-no e não enganem mais os
portugueses.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr. Ministro
Miguel Poiares Maduro, em primeiro lugar dirijo-me a si, para lhe dizer que, em vez de censurar a dignidade
cívica dos professores e professoras, o Sr. Ministro e todo o Governo deviam pedir desculpa aos professores e
às professoras por insistirem numa prova ofensiva e indigna, que só mantêm pela teimosia do Ministro Nuno
Crato.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — De seguida, Sr. Ministro, permita-me que volte a abordar a questão dos
serviços públicos. Aliás, os professores são disso um bom exemplo, porque nos últimos anos têm sido
despedidos dezenas de milhares de professores.
A diminuição acelerada dos efetivos da Administração Pública e a pressão para que saiam tem levado e
continua a levar à diminuição dos serviços públicos e à degradação da sua qualidade — era sobre isto que o
Sr. Ministro devia falar. E tem levado ainda a uma outra coisa muito importante: à degradação das condições
de acesso aos serviços públicos. Um bom exemplo disso é o caso da saúde.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, que hoje já aqui falou, só referiu os indicadores
cuja evolução se processa há anos dessa forma. Porque é que o Sr. Secretário de Estado não fala, por
exemplo, do facto de as urgências hospitalares terem aumentado e de as consultas de especialidade
referenciadas pelos médicos de família terem diminuído? Porquê, Sr. Secretário de Estado? Porque a resposta
a estas duas questões reside na diminuição do acesso das pessoas aos centros de saúde. Está é a verdade,
Sr. Secretário de Estado!
Na área da saúde, encerram os serviços, encerram as valências, há maiores distâncias a serem
percorridas pelos utentes, há esvaziamento dos hospitais, e o Sr. Secretário de Estado ainda vem dizer que