I SÉRIE — NÚMERO 33
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É uma boa e velha forma de cultivar a esperança. Só a esperança ajuda a ter ânimo e, com ele, força para
agir. É precisamente disso que necessitamos num 2014 que começou tempestuoso e que vai exigir grandes
decisões.
Em nome do PS, saúdo todas as bancadas, aqueles que em nós confiaram e agradeço a honra de ser
porta-voz dos votos e dos desejos de todos nós, socialistas.
Aplausos do PS.
Primeiro voto: expurguemos a vida política portuguesa de malabarismos e hipocrisia, fumaça tóxica…
Vozes do CDS-PP: — Oh!…
O Sr. José Magalhães (PS): — … que, as mais das vezes, visa encobrir a fuga às responsabilidades e
decisões puramente erradas.
Há dias, ao ver um debate parlamentar no Canal Parlamento, percebi subitamente uma das causas do
desentendimento que há por vezes no nosso debate político.
Srs. Deputados, o Governo e alguns dos seus apoiantes andam a exprimir-se num português estranho, que
parece traduzido pelo famoso intérprete de língua gestual sul-africano:…
Risos do PS.
… requalificar é despedir; reformar é escavacar o Estado social;…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Escavacar é adequado!
O Sr. José Magalhães (PS): — … programas de ajustamento são orçamentos do Estado inconstitucionais
programadores do empobrecimento de todos, exceto dos que têm luz verde para enriquecer; medidas
temporárias são de repetição sucessiva sine die; poupanças são cortes e cortes nos mesmos; programa
cautelar pós-troica é uma indecifrável charada! Esses tiros saem pela culatra pela razão simples de que não
somos um País de parvos, mas causam amargura, geram desconfiança, levam a ter medo ou aversão em
relação aos decisores políticos, geram instabilidade social!
Por isso, o segundo voto, Srs. Deputados, é o de que ouçamos o País. Quando puderam ir às urnas, os
cidadãos foram claros, pela positiva e pela negativa, e todos os dias pedem mudança de rumo. Ouçamo-los!
Há que ativar o trabalho de círculo e sobretudo, meses depois de o povo ter falado, importa, por exemplo,
não adiar mais correções urgentes às leis eleitorais. Ao invés, o Governo dissolveu numa secretaria-geral a
estrutura administrativa que gere o processo eleitoral e a nona remodelação substituiu a experiência pela
virgindade na pilotagem de eleições. Tomaremos iniciativas!
Aplausos do PS.
Em terceiro lugar, desejamos reforçar a cooperação com todas as bancadas, neste momento difícil.
Esperamos ser correspondidos. A razão e a intuição dizem-nos que só a junção de esforços permitirá
enfrentar desafios que hoje excedem a escala nacional e exigem boas alianças europeias e mundiais, que o
Governo não tem sido capaz de obter.
As eleições europeias são uma oportunidade única para discutir como devemos evitar o aumento das
desigualdades e dos desequilíbrios geográficos na União, a espiral de desemprego, especialmente dos jovens,
a redução do consumo, a rutura da coesão social, tudo fatores de instabilidade política e de ascensão de
grupos antieuropeus cujo perigo não deve ser subestimado.
Como assinalou o Conselho Económico e Social da União, essas políticas de privatização perversa, de
cortes drásticos nos salários, nas pensões e nas prestações sociais levam ao colapso das economias,
sobretudo das sangradas pela obsessão austeritária. Como tem insistido, com razão, o Secretário-Geral do