11 DE JANEIRO DE 2014
23
e por ser omissa em alguns aspetos fundamentais para quem quer fazer uma abordagem integrada. Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, até concordamos com os pontos colocados neste projeto de resolução.
Porém, no exato momento em que estamos aqui a debater este assunto, o PSD e o CDS são Governo; e
os serviços de saúde, neste momento, atravessam uma crise que, podemos mesmo dizer, está a deixar os
portugueses e as portuguesas muito para além daquilo que se costuma dizer «estar à beira de um ataque de
nervos».
Fruto da política do Governo, e por sua responsabilidade exclusiva, estamos a chegar a um ponto de
rutura: urgências sem capacidade de resposta — média de 10 e 12 horas de espera na região de Lisboa,
como dizia, e é verdade, a Sr.ª Deputada Catarina Marcelino, mas também por todo o País, e no interior com
um nível de agravamento bem pior, com casos extremos de 50 horas de espera —; filas de ambulâncias à
porta, nos hospitais, para conseguirem sair de lá para irem socorrer outros doentes, para não falarmos do caso
dramático que chocou o País inteiro, dos dois anos de espera para o exame decisivo para atacar o cancro de
que padecia aquele doente.
Dirão: é um caso, não exagerem. Já oiço as vozes do PSD: é um caso, não exagerem. Mas o que se
verifica por todo o País é a degradação dos serviços, é o aumento das dificuldades no acesso aos serviços de
saúde.
Por isso mesmo, Sr.as
e Srs. Deputados, somos convocados à nossa responsabilidade, já! Não é quando se
generalizarem os casos mais dramáticos, o que, com certeza, ninguém deseja. É preciso agir e já. Deveria ser
essa a responsabilidade do Governo e dos partidos que o sustentam, porque aquilo que é mesmo necessário
é uma abordagem integrada para travar o processo de destruição do Serviço Nacional de Saúde. E, de facto,
essa abordagem precisa-se, e com muita urgência.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, concluído este ponto da ordem de trabalhos,
vamos passar…
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr. Presidente, no curto tempo que ainda me resta, gostaria de dizer que esta
discussão do projeto de resolução n.º 758/XII (2.ª) é tida na Assembleia no momento em que a Comissão
Europeia se apresta para decidir sobre novos fármacos para o tratamento da Hepatite C, que poderão
positivamente revolucionar o paradigma da abordagem a esta doença. Portanto, quis o destino que esta
discussão fosse tida precisamente no momento fundamental de abordagem futura a esta doença.
Queria, ainda, acrescentar o seguinte: os partidos da oposição, em vez de discutir o tema que estava em
cima da mesa, preferiram tergiversar e desviar a discussão para o tema do panorama atual do Serviço
Nacional de Saúde, relativamente ao qual estamos perfeitamente à vontade, mas não era o que estava em
discussão.
De resto, os números falam por si: o Relatório Nacional sobre o Acesso a Cuidados de Saúde no Serviço
Nacional de Saúde de 2012 mostra que o País tem hoje a mais baixa mediana de tempo de espera para
cirurgias de que há memória, o maior número de consultas de especialidade hospitalar, o maior número de
cirurgias, mais de 1 milhão de portugueses do que no tempo do Governo do Partido Socialista estão isentos do
pagamento de taxas moderadoras e, fundamentalmente, apesar das vozes da desgraça e das aves
agoirentas, há indicadores positivos que nos provam que o Serviço Nacional de Saúde não só é hoje mais
sustentável como não reduziu o acesso e a qualidade.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.