I SÉRIE — NÚMERO 41
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Começamos por sublinhar que, para o PCP, as estratégias de intervenção para a promoção e o
desenvolvimento da eficiência energética e da agora chamada ecoeficiência assumem um caráter estratégico
para o futuro. Assumindo uma importância muito grande, estão em causa duas vertentes desta questão da
eficiência energética em políticas que estão relacionadas entre si mas que não se sobrepõem: a política
energética e a industrial. Do nosso ponto de vista, é nestas duas vertentes que se insere a questão da
cogeração, que não é, apenas e só, uma componente ou um pilar da política energética, mas seria até,
essencialmente, um pilar da política industrial.
É muito mau sinal quando, num País que fala de exportações e de reindustrialização, como se dizia há
algum tempo, existem empresas industriais que encaram a cogeração como uma saída para a situação de
marasmo e de asfixia económica de atividade industrial, que é a primeira atividade, como diz o core business,
da sua própria existência. E temos até a cogeração enquanto vetor de produção energética a substituir a
atividade principal de várias empresas industriais, o que é mau sinal, Srs. Deputados.
Ora, a aposta e o apoio ao investimento em tecnologias e em instalações inovadoras, quer na cogeração,
quer em outros domínios da produção, do transporte, da gestão racional, da poupança de energia e de uma
política energética voltada para a política de defesa da indústria e da atividade económica, devem constituir
uma política e uma estratégia previsíveis para os agentes económicos, levadas a cabo e desenvolvidas de
uma forma participada e democrática.
Consideramos que deve haver uma estratégia integrada de intervenção. Temos dúvidas relativamente a
intervenções desgarradas e isoladas e quanto à relação que o PS estabeleceu no preâmbulo deste diploma ao
associar muito a questão da fatura energética para os consumidores. Não temos a certeza — e duvidamos
que alguém possa ter nesta Sala — de que esta medida, ao nível da remuneração da cogeração de energia na
indústria e nos setores, tivesse o efeito na fatura energética dos consumidores que é plasmado no preâmbulo.
É importante levar a cabo uma política que defenda a indústria nacional, a gestão racional da energia e a
eficiência energética, de uma forma integrada, coerente e amplamente participada nos agentes económicos
destes setores e em relação ao desenvolvimento do País.
Não temos objeções de fundo em relação a esta proposta e admitimos que há passos que têm vindo a ser
dados, mas parece-nos necessária uma estratégia integrada de desenvolvimento que, manifestamente, não
tem vindo a acontecer neste País, bem pelo contrário.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Rafael
Moreira.
Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta iniciativa tem um grande
mérito, que é proporcionar este debate sobre uma área da máxima importância, como bem foi percecionado
nas intervenções do PS, do PCP e do CDS.
O Governo está a agarrar esta matéria desde o início. É uma área que tem privilegiado, devendo ser
destacadas duas frentes que têm sido divulgadas e que também foram já debatidas nesta Casa.
Uma primeira frente tem a ver com a redução da fatura energética. A cogeração também entrou nessa
medida e são já do domínio público os ganhos que o Governo conseguiu nesse âmbito, ultrapassando já os 3
mil milhões.
Há, no entanto, também compromissos que o Governo já assumiu ou que ainda está a cumprir, que têm a
ver com as metas da agenda da Estratégia Europa 2020, com uma maior utilização das energias renováveis,
com a redução dos gases com efeitos de estufa e com uma maior eficiência energética.
O Sr. Deputado Carlos Zorrinho, ao apresentar o projeto de resolução, explanou que é necessário
aprofundar este tema, com o que estamos de acordo. É um trabalho contínuo, não é um trabalho apenas deste
Governo, é um trabalho de todos os governos, é um trabalho da sociedade. É uma área para a qual, no dia-a-
dia, todos temos de contribuir para que a situação melhore.
No que diz respeito à iniciativa em concreto, é notório que é extemporânea. Não colhe, à data de hoje, o
mérito de poder ser aprovada pelo PSD, no entanto teve o grande mérito de proporcionar o debate sobre uma
matéria muito importante.