I SÉRIE — NÚMERO 41
42
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
Deputadas e Srs.
Deputados: A distância entre Bragança e Lisboa é de 500 km, pouco menos da distância que separa Lisboa e
Madrid. Foi, aliás, essa mesma distância que, em 1988, deu azo a uma conhecida música dos Xutos &
Pontapés, em que pediam um avião para irem mais amiúde a Bragança, porque uma viagem de automóvel
levava várias horas.
Esse avião existiu e veio mesmo aproximar as populações entre Bragança, Vila Real e Lisboa. Existiu
durante 15 anos e funcionava. O voo tinha mais de 10 000 passageiros por ano e permitiu reduzir a distância
que causa a desertificação, permitiu reduzir a distância que causa o isolamento das populações esquecidas
por este Governo, sem comunicações, sem transportes públicos.
Foi exatamente nesta linha que o Governo resolveu não renovar a concessão e terminar a linha aérea entre
Bragança e Lisboa, impedindo, portanto, que estudantes pudessem fazer este percurso para virem estudar a
Lisboa, impedindo que trabalhadores e empresários pudessem aproximar-se não só da capital mas também
do sul do País.
Apesar da importância deste serviço público, o contrato não foi renovado. O Governo, primeiro, prometeu
que se tratava de um cancelamento temporário que iria ser reposto, depois, prometeu às populações que
haveria um subsídio para deslocações, mas o subsídio nunca veio, nunca foi publicado em portaria, e
continuámos a ter os cidadãos de Bragança e de Vila Real, os distritos mais distantes, mais longínquos deste
País, sem alternativas de mobilidade. É que esta ligação aérea não funciona só por si, ela existe num país
onde não existem outras alternativas de mobilidade, porque o investimento ou o desinvestimento na ferrovia
também contribui para a gravidade da suspensão desta ligação aérea.
Portanto, voltamos a 1988, voltamos à letra dos Xutos & Pontapés e voltamos a pedir um avião que permita
encurtar as distâncias entre Bragança e Lisboa.
O projeto de resolução que apresentamos visa tentar pôr um termo a esta situação e obter, da parte do
Governo, um compromisso concreto.
As promessas que fez às populações de Bragança e Vila Real são verdadeiras ou não?
Esta ligação tem de ser reposta. E o Governo tem de dar uma resposta: quando, como e em que termos. É
isso que deve às populações, a quem prometeu a reposição desta ligação aérea, que encurta distâncias e
impede o isolamento de populações cada vez mais esquecidas e discriminadas pelas políticas de austeridade
deste Governo.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado das
Infraestruturas, Transportes e Comunicações: Bem-vindo, novamente, ao debate. Espero que, desta vez,
tenha coragem de falar, pelo menos de se dirigir ao Plenário, porque o que se passou há pouco é mais uma
das poucas-vergonhas deste Governo que se junta à pouca-vergonha que é este processo da ligação aérea
entre Lisboa e Bragança.
Este processo tem uma história: em janeiro de 2009, foi estabelecida a ligação aérea Lisboa/Vila
Real/Bragança como verdadeiramente fundamental para o desenvolvimento, para a coesão territorial nacional,
como essencial para promover o turismo, como essencial para tirar aquelas populações do maior isolamento
que existe no nosso País. Esta linha, que é verdadeiramente central para o desenvolvimento daquela região,
continuou a existir.