25 DE JANEIRO DE 2014
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Em novembro de 2011, este Governo PSD/CDS-PP foi alertado para o facto de, em janeiro de 2012,
acabar o contrato de concessão. O Governo nada fez, não promoveu o concurso público por deliberada opção
e o contrato acabou, efetivamente, em janeiro de 2012. O Governo devia ter promovido o concurso e não o
fez. Encontrou uma solução provisória, uma adjudicação direta de sete meses. Acontece que terminou
rapidamente esse prazo de sete meses e, em novembro de 2012, acabou definitivamente a ligação aérea Vila
Real/Lisboa/Bragança. Houve sucessivas promessas, Srs. Deputados, de secretários de Estado, de ministros
e do Primeiro-Ministro relativamente a esta matéria e nada aconteceu — a linha, pura e simplesmente, não
existe!
Mas a pouca-vergonha, o descaramento atinge verdadeiramente todos os limites quando o Primeiro-
Ministro faz depender a aplicação deste novo concurso de uma portaria entregue à União Europeia, e diz que
a culpa é da União Europeia.
Disse, no passado fim de semana — não foi há dois anos nem há dois meses, foi no passado fim de
semana —, em Bragança, em completa afronta aos legítimos interesses daquelas populações, que o concurso
dependia de uma portaria a aprovar pela União Europeia.
Mas, segundo Deputados do PCP no Parlamento Europeu, o Comissário Europeu, que questionaram,
confirmou que o Governo, no dia a seguir às eleições autárquicas, retirou deliberadamente o processo que
estava a correr na União Europeia, pondo termo à ligação Lisboa/Vila Real/ Bragança.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho
Santa.
O Sr. Agostinho Santa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado: Ainda
bem que considera este assunto importante. Espera-se que continue a honrar-nos com a sua presença até ao
fim do debate.
Vozes do PSD: — Oh!…
O Sr. Agostinho Santa (PS): — Parece que alguém deitou mau-olhado a Trás-os-Montes e Alto Douro. No
tempo de permanência deste Governo em funções, parece que o feitiço cresceu de intensidade e de eficácia.
É que tudo o que tenta mexer em Trás-os-Montes e Alto Douro mexe devagar, para, demora a encontrar o
caminho.
Em termos de mobilidade, já não bastava o enguiço do túnel do Marão, que adia, mês a mês, a abertura de
uma estrada rápida e segura em direção ao desenvolvimento e de fuga ao abandono e à sinistralidade.
Temos, agora, mais uma situação tolhida pelo mesmo feitiço e malapata.
De impasse em impasse, de promessa em promessa, de justificação em justificação, o certo é que, há um
ano e dois meses, ninguém vê chegar ou partir de Bragança ou de Vila Real um aviãozinho que seja. E, no
entanto, ninguém seriamente duvida de que este serviço se pode conjugar com outros no sentido do benefício
global da região transmontana-duriense, criando condições de mobilidade mais fácil, aproveitando os meios de
transporte mais modernos.
Para Bragança e Vila Real, a circulação mais rápida e cómoda para a capital, por via aérea, constitui-se
num instrumento com estruturante impacto, num instrumento fundamental de crescimento e de progresso, de
fixação de pessoas e de empresas, de motivação da afluência de agentes culturais e de turistas, de criação de
riqueza.
A importância desta ligação é tão evidente que não precisa de mais considerandos ou justificações. Poder
ir a Lisboa e vir no mesmo dia, sem colocar em causa a segurança, é um fator estratégico e decisivo, a vários
níveis, para esta região.
Aderimos, assim, ao tratamento de urgência a que estes dois projetos de resolução vêm apelar, estando na
hora de quebrar o feitiço e de criar as condições necessárias para que a ligação aérea entre Bragança, Vila
Real e Lisboa seja reposta. Este é um imperativo de justiça!