8 DE FEVEREIRO DE 2014
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Este processo veio suscitar algumas reflexões sobre o serviço de televisão e rádio para as comunidades
emigrantes. Essa reflexão abordou a qualidade do serviço prestado pelas televisões que têm canais dirigidos
às comunidades, nomeadamente a televisão pública, com programação pouco adequada aos interesses das
comunidades e da relação destas com o País.
Foi deste processo que surgiu a primeira proposta, que discutimos agora, no sentido de que um legítimo
representante das comunidades portuguesas pudesse integrar o Conselho de Opinião da RTP. Com esta
proposta, pretendemos que o interesse das comunidades em matéria de comunicação social possa ser
defendido, nomeadamente tornando a programação do canal dedicado à emigração portuguesa, a RTP
Internacional, mais adequada aos hábitos e interesses das comunidades;…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — … que o canal público de televisão possa servir de meio de difusão da nossa
língua num período em que o Estado português assume querer ensiná-la aos filhos dos emigrantes como
língua estrangeira; e também que a RTP Internacional possa ser um veículo de informação e de apoio à
integração de muitos portugueses que são convidados e obrigados a emigrar.
Por tudo isto, consideramos importante que o Conselho das Comunidades Portuguesas passe a estar
representado no Conselho de Opinião da RTP.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PSD.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria da Conceição Caldeira.
A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Sr.ª Presidente, começo por cumprimentar a Sr.ª Secretária
de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, o Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional
e as Sr.as
e os Srs. Deputados.
Sr. Ministro, mais do que questionar, permita-me que enfatize a criação do conselho geral independente
como garante da transparência que V. Ex.ª tenta introduzir no funcionamento do serviço público de rádio e
televisão, mostrando uma vontade férrea de o desgovernamentalizar.
Desde o início desta Legislatura, e dando seguimento a uma política reformista no seio da comunicação
social, o Governo delineou um plano e uma estratégia para o serviço público de rádio e televisão. Reformar,
desenvolver e promover este serviço é um desígnio do Governo e desta maioria parlamentar. Para tal, levou-
se a cabo um amplo debate nacional onde todos puderam ser escutados e que culminou com a elaboração
das propostas de lei ora em discussão.
O novo contrato de concessão e os novos estatutos da RTP serão a trave-mestra deste novo paradigma de
serviço público. Exemplo disso mesmo é o novo modelo de governo da sociedade, consubstanciado na
criação de um novo órgão social, o conselho geral independente, como muito bem o Sr. Ministro já aqui
referiu.
O conselho geral independente tem como objetivo principal o reforço dos mecanismos que garantam a
independência, o pluralismo e a transparência da comunicação social do Estado. Trata-se de um órgão
genuinamente independente que contribuirá para a eliminação do risco, ou da perceção do risco, de
interferência do poder político na atuação da RTP e para uma gestão mais eficaz da sociedade. Assim,
espera-se que o conselho geral independente recupere a credibilidade da RTP junto dos portugueses,
reforçando o seu carácter institucional, propondo uma orientação estratégica clara e em cumprimento com as
obrigações do serviço público previstas no contrato de concessão.
O conselho geral independente será composto, como já aqui foi dito, por pessoas de reconhecido mérito,
com experiência profissional relevante e de indiscutível credibilidade e idoneidade pessoal, salvaguardando-se
também a representatividade geográfica, cultural e de género destas personalidades. Para uma total
transparência, serão seis os elementos deste novo órgão — dois indigitados pelo Governo, dois outros
indigitados pelo Conselho de Opinião da RTP e os dois restantes cooptados pelos quatro anteriores.