8 DE FEVEREIRO DE 2014
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portugueses, para os portugueses, que seja sustentável e esteja garantido para o futuro, porque não acaba
hoje e não é só com dinheiro, dinheiro que não existe, que se resolvem os problemas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr. Ministro, contará sempre com o CDS para o desígnio de ter uma
RTP para Portugal e para os portugueses.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Cecília
Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr. Ministro Adjunto e do
Desenvolvimento Regional, ouvimo-lo pelo menos assumir que o dinheiro da CAV chega para os
compromissos de serviço público. Sabe certamente que a diferença entre a indemnização compensatória e a
CAV é de pelo menos 26 milhões e acho que esse é o debate que falta fazer, ou seja, sobre as consequências
dessa sua afirmação quer no plano do despedimento de trabalhadores quer no plano da externalização de
serviços. Julgo que esse é o debate de fundo que a RTP impõe, hoje.
A situação de asfixia financeira e de enorme instabilidade vivida no interior da RTP, quando há um
Presidente de um Conselho de Administração que está sempre a «agitar» para «sacudir» o ónus da sua
própria incompetência, merecia, Sr. Ministro, muito mais da sua parte, merecia que o Governo encarasse o
serviço público de televisão e rádio com toda a seriedade e, ao invés, o Sr. Ministro vem aqui anunciar a
importação de um modelo que reconhece que está a ser alvo de avaliação.
Já lhe fiz um repto sobre esta nova orgânica e sobre a pergunta de fundo que se impõe, que é quem de
facto vai mandar, quem de facto vai ter o poder de tomar as grandes decisões dentro da RTP.
A mixórdia desta orgânica e a grande questão sobre a desgovernamentalização não deixam de estar na
ordem do dia. O próprio Decreto-Lei n.º 133/2013 impõe, na verdade, que um membro do Conselho de
Administração mandatado pelas Finanças seja o poder real dentro do Conselho de Administração.
O Sr. Ministro fala em desgovernamentalização mas não responde porque é que continua a nomear dois
membros do conselho geral independente, que afinal é tão independente, tão independente que pode aferir
novos conteúdos e novos diretores e é um órgão que é juiz em causa própria, pois determina e fiscaliza o
próprio projeto.
Para além disso, há outros aspetos que nos parecem preocupantes, tais como o facto de, em situação de
destituição do Conselho de Administração por parte do conselho geral independente, nem sequer ser ouvido o
Conselho de Opinião e o facto de o próprio Conselho de Administração deixar de ser alvo de audição na
Assembleia da República.
Há aqui todo um jogo muito difícil, que provoca uma colisão de competências entre várias entidades. Por
isso, lhe apresentei o desafio de nos fazer um organigrama e explicar o que é que melhora no plano das
competências.
Deixo-lhe a grande pergunta que fica por responder, e à qual o Sr. Ministro se tem escapado, que tem que
ver com o significado da externalização de serviços da RTP. Penso que este é o grande «alçapão» das
propostas de lei que estamos a apreciar e do contrato de concessão, é o maior risco e é desses grandes
pontos de interrogação que o Sr. Ministro anda a fugir. Refiro-me à possibilidade de criar essa empresa da
qual, depois, a RTP seria cliente e, ao mesmo tempo, a esta suspeita de que os próprios serviços de
manutenção deixam de ser da RTP e passam a ser também externalizados. Este é o grande problema para o
qual faltam todas a respostas.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Agradeço que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Vou concluir, Sr. Presidente.