8 DE FEVEREIRO DE 2014
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E não há nenhuma nova camada, não há risco de conflitos com outras entidades, porque do que se trata
não é de criar uma nova camada de controlo, é, sim, de transferir aquilo que era competência do Governo para
uma outra entidade, para um conselho geral independente.
Uma última nota relativamente à questão do financiamento. Quero lamentar que se queira limitar a
discussão sobre o serviço público de rádio e de televisão a uma questão de financiamento. Uma das coisas
que, confesso, me surpreendeu ao ler os estatutos da RTP foi o capital social da RTP: 1500 milhões de euros!
Ora, 1500 milhões de euros dá bem uma ideia do montante de dinheiro que foi colocado no serviço público de
rádio e de televisão ao longo dos anos.
Quando se olha para este valor — 1500 milhões de euros! —, como é que alguém pode falar de
subfinanciamento crónico?! É impossível falar de subfinanciamento crónico!
O problema da RTP não é, fundamentalmente, o seu financiamento, é justificar o seu financiamento. E,
para justificar o seu financiamento, o fundamental é precisamente testar um modelo de governo novo, um
modelo que introduza na empresa uma cultura institucional diferente, que racionalize os debates sobre o
serviço público de rádio e de televisão.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês de
Medeiros.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, vamos lá ver se nos entendemos: a RTP, até
este Governo chegar ao poder, não tinha nenhum problema substancial — não tinha!
Protestos do PSD.
Aliás, a RTP, desde 2003, tinha vindo a reestruturar as suas dívidas, tinha vindo…
Protestos do PSD.
Sr. Presidente, quando me deixarem falar…
Aplausos do PS.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Está muito sensível, Sr.ª Deputada!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Faça favor de continuar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Muito obrigada, Sr. Presidente. Peço-lhe que desconte o tempo.
Como dizia, a RTP, desde 2003, tinha vindo a reestruturar as suas contas, tinha vindo num caminho
sustentável, aliás, um aspeto relevante e que deveria ser relembrado, com respeito pelos diferentes governos
que passaram e que a tutelaram, foi um processo que começou com o PSD e que continuou com o PS.
Assim sendo, o problema maior da RTP, com o qual nós somos hoje confrontados, chamou-se «Miguel
Relvas» — e é esse problema que o senhor tem de resolver.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Tenha vergonha!
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Foi aí que começou o total e absoluto descalabro. Foi aí que começaram
as decisões absolutamente arbitrárias.