I SÉRIE — NÚMERO 49
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menos preparados para enfrentar os desafios do futuro. Perdemos 200 000 portugueses com a emigração e
300 000 portugueses em idade ativa desistiram de trabalhar, ou seja, 2/3 dos desempregados são
desempregados de longa duração, que acabarão por fazer o caminho dos já 300 000 desencorajados.
Este País não só perdeu capital humano como perdeu também capital físico. O investimento caiu 30% nos
últimos três anos. Este é um País que vê o seu capital humano degradar-se, que vê o seu capital físico
degradar-se e é não só um País que está pior do que há três anos como é um País menos preparado para
enfrentar os desafios do futuro.
Não há milagre algum! O País está mal, o País está pior e o PSD e o CDS são os responsáveis.
Sr. Deputado, é ou não verdade que nós só não estamos pior, como estamos pior preparados para
enfrentar os desafios do futuro?
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Faço um apelo, em nome da Mesa, para que sejam respeitados os
tempos regimentais.
Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, respeitarei seguramente o apelo que a Mesa faz.
Sr. Deputado Pedro Nuno Santos, agradeço a pergunta que coloca e que me permite fazer duas breves
considerações.
A primeira é para dizer o seguinte: o Sr. Deputado reparará que no início do seu mandato uma das frases
mais recorrentes do Primeiro-Ministro era a da política de verdade. No entanto, já há longos meses se
esqueceu disso. Com o desvario eleitoralista com que os Ministros andam por aí a anunciar todos os dias, o
Primeiro-Ministro já não conseguiria, sem corar, fazer alusão a essa tal política de verdade. E, provavelmente,
como não consegue dizer sem corar, não o diz. Pura e simplesmente esqueceu-se disso.
Mas há uma questão que o Sr. Deputado coloca que creio ser da maior relevância. Referiu-se à
mistificação que tem sido feita em torno da questão das exportações. Obviamente, todos nos congratulamos
se houver um aumento das exportações portuguesas. Isso é evidente. Infelizmente, o maior aumento de
exportações que temos tido tem sido a exportação forçada de jovens quadros qualificados, que são obrigados
a encontrar emprego no estrangeiro.
É preciso dizer também que a economia portuguesa nunca conseguirá recuperar só na base das
exportações. Não é possível haver uma recuperação económica sustentada do nosso País sem se aumentar o
poder de compra dos portugueses. Milhares de restaurantes estão a fechar fechar porque os portugueses não
têm dinheiro para ir comer fora. Se não houver uma melhoria das condições de vida das populações, se não
houver um aumento do poder de compra da população — porque só será possível o crescimento económico
com o crescimento da procura interna —, não haverá obviamente um crescimento sustentado da nossa
economia e nunca será possível pagar os encargos da dívida que têm vindo a asfixiar de forma dramática a
economia portuguesa.
Portanto, e para terminar, Sr.ª Presidente, dizia há pouco o Sr. Deputado Hélder Amaral que a oposição
fica muito incomodada ou irritada com os sucessos do Governo. Sr. Deputado, o que irrita não apenas a
oposição mas todos os portugueses com bom senso é que esses sucessos sejam mentira e sejam
incessantemente repetidos! Isso é que irrita, Sr. Deputado!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, antes de mais, gostaria de saudar o Sr.
Deputado António Filipe pela oportunidade do assunto que nos trouxe para discussão, porque de facto há uma
enorme discrepância entre o discurso do Governo e o que está a passar-se no País.