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14 DE FEVEREIRO DE 2014

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O que o Governo diz não cola com a realidade. E a distância entre a realidade e o que o Governo diz é de

tal ordem que só é comparável com as previsões do ex-Ministro das Finanças Vítor Gaspar.

De facto, cheira a campanha eleitoral. Só falta agora o vice-Primeiro-Ministro Paulo Portas ir para as feiras

com o chapeuzinho na cabeça e o atual Primeiro-Ministro fazer as promessas que fez antes das eleições de

que não aumentava impostos, de que não haveria cortes nas reformas e de que os subsídios eram intocáveis.

De resto, já está tudo preparado para o avanço da campanha eleitoral.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — A verdade é esta: os portugueses estão mais pobres e o

Governo continua a falar de sinais positivos. A nossa economia continua de rastos e o Governo continua a

falar de sinais positivos. O desemprego atinge números nunca vistos e o Governo fala em sinais positivos.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — O défice aumenta e o Governo fala de sinais positivos. A dívida

pública não para de crescer e o Governo fala de sinais positivos.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Mais de 440 000 desempregados não receberam prestações de

desemprego em dezembro de 2013 e o Governo fala de sinais positivos. Só no mês de dezembro de 2013,

perto de 1170 beneficiários perderam o direito ao abono de família. Ou seja, só no mês de dezembro de 2013,

1168 crianças e jovens perderam o direito ao abono de família relativamente ao mês de novembro e o

Governo fala de sinais positivos.

Aliás, os sinais positivos são de tal ordem que o Governo até pretende agora, pelos vistos, transformar

aquilo que era provisório em definitivo. O Governo até pretende transformar aquilo que era extraordinário e

portanto limitado no tempo em cortes definitivos. A ser assim, temos de dizer que o Governo faltou à verdade.

O Governo andou a enganar-nos este tempo todo. Andou a enganar os portugueses quando disse que estes

cortes eram provisórios.

Quanto a isto, Sr. Deputado Mendes Bota, lembrou-se muito bem dos compromissos que o Estado tem e

que assume. É que o Estado também assumiu compromissos com as pessoas que descontaram uma vida.

Mas quanto a isso o PSD e o CDS nunca falam dos compromissos do Estado! Por que é que será?! Por acaso

isto merecia uma reflexão!… É que quando falamos da troica e dos compromissos da troica falamos do Estado

de direito e da necessidade do Estado cumprir com os seus contratos e com a sua palavra. Quando falamos

de reformas e de cortes nas reformas, não dizem nada.

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — O Sr. Deputado António Filipe ainda se referiu à necessidade de

combater o desemprego. Ora nós tomámos conhecimento de que o Governo aprovou hoje mesmo uma

alteração ao Código do Trabalho — aliás, sem o acordo dos parceiros sociais, como é a bandeira deste

Governo —, alteração essa que diz respeito à cessação do contrato por extinção do posto de trabalho ou por

inadaptação. A nosso ver, esta alteração é mais uma medida do Governo para fomentar o desemprego,

porque vem facilitar o despedimento tal como outras o fizeram no passado, como foi o caso das medidas

relativas à redução das indemnizações em caso de despedimento.

Gostaria de saber, Sr. Deputado, se partilha da leitura que fazemos no sentido de que esta medida que o

Governo tomou hoje ao nível do Código do Trabalho se insere na estratégia do Governo de combater o

desemprego, despedindo!

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.