I SÉRIE — NÚMERO 50
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crescimento para Portugal para 2014, isto é, que este ano, em termos de variação anual, o crescimento possa
ser superior aos 0,8% que estavam estimados.
Isto é muito possível porque há, de facto, um efeito positivo de arrastamento que resulta do andamento da
economia ao longo do ano de 2013.
Portanto, esta é a realidade, Sr. Deputado. Mas estamos a fazer por isso. É isto que estamos a dizer aos
desempregados, aos reformados e a todos aqueles que têm sido mais fustigados por esta crise. Estamos a
dizer que tudo aquilo por que temos passado tem valido a pena no sentido em que estamos a inverter a
situação de crise profunda em que o País viveu nestes anos.
Claro que sei também que muitas vezes os Srs. Deputados atribuem, um bocadinho como o Partido
Socialista, tudo o que pode acontecer de mais positivo ao acaso ou a qualquer outra ação que não aquela que
possa resultar da decisão do Governo. Isso é que não pode ser! O Governo é que não pode decidir nada
certo. Tudo o que de bom puder vir a acontecer não resultará seguramente de uma ação do Governo!…
Sr. Deputado, não reclamo os créditos por tudo o que de bem acontece em Portugal, mas gostaria que a
oposição pudesse reconhecer a direção que temos seguido, a persistência que temos tido com a redução do
nosso défice público, com a criação de condições de estímulo para a recuperação da economia, não apenas
através de políticas de fomento industrial mas também de reforma estrutural a que os senhores no Partido
Comunista Português sempre se têm oposto de forma tão veemente. Sim, Sr. Deputado, elas também são
responsáveis por este desagravamento da crise e por este sinal evidente que temos de que, em termos
anuais, passaremos a crescer em 2014 e não a contrair, como aconteceu no passado.
Concluo dizendo, a propósito da sua observação sobre a referência que o Tribunal de Contas fez aos
benefícios atribuídos a SGPS — efetivamente, há 15 dias, quando essa matéria aqui foi referenciada, eu não
conhecia esse relatório do Tribunal de Contas —, que fui verificar e aquilo que o Tribunal de Contas apresenta
é uma estimativa para a despesa fiscal realizada com SGPS.
Vozes do PCP: — Não, não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Relativamente a essa matéria, Sr. Deputado, o que lhe posso dizer é que ao
longo dos últimos três anos — e a nossa previsão é até 2014, de acordo com o que está projetado no
Orçamento — essa situação foi daquelas que mais reverteu ao longo desse período. A despesa fiscal
realizada ao nível do IRC foi daquelas que, comparada com outros impostos, mais recuou face ao passado.
No que toca aos incentivos fiscais concedidos às SGPS, e portanto à despesa fiscal que é realizada nessa
matéria, reportada ao ano de 2012, que creio que é o ano de referência que é analisado pelo Tribunal de
Contas, de facto, ela situou-se em 220 milhões de euros, de acordo com os dados da Secretaria de Estado
dos Assuntos Fiscais.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não, não!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não são estimativas. Está aqui!
São as contas gerais do Estado, onde houve uma omissão clara de 1045 milhões de euros de benefícios
fiscais que foram dados às grandes sociedades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não esteja a dizer que são estimativas, não desminta aquilo que é um
documento oficial e uma posição oficial do Tribunal de Contas, Sr. Primeiro-Ministro.
Tendo em conta a sua resposta, gostaria de relevar uma contradição. Disse, por exemplo, que o turismo
teve um crescimento exponencial altamente valorado. Não duvido desses elementos mas explique-me esta