20 DE FEVEREIRO DE 2014
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Nada disto tem uma concretização.
Explique, Sr. Ministro, como se faz a transferência de qualificações das universidades para as empresas —
não é explicado. Explique como se quer a competitividade, em que áreas; e a exportação, em que áreas, em
que empresas. Nada disto é explicado, são palavras vazias, sem estratégia. E a prova disso está nos termos
concretos, depois nos objetivos de estruturação deste plano.
As qualificações são a prioridade, mas há menos investimento. Perguntámos ao Sr. Ministro, mas não
obtivemos resposta: quanto dinheiro para qualificações e em que termos? Quanto dinheiro para a escola
pública? Quanto dinheiro para a investigação pública? Como é que vai fazer isto?
Segunda questão: estratégia para o emprego. Há um problema de fundo: o objetivo que trata as questões
do emprego e da mobilidade social neste documento trata o desemprego como se fosse sempre uma questão
de falta de qualificações — são sempre os trabalhadores que têm competências que são desajustadas ao
mercado de trabalho e nunca é referido que o problema do desemprego é um problema de destruição da
economia causada pelas políticas de austeridade do seu Governo, e essa é uma questão que tem de ficar
clara.
Portanto, dentro destas medidas de formação, que supostamente criam emprego, não percebemos que o
Sr. Ministro não veja uma contradição no facto de, na mesma semana em que o seu Governo aprova, em
Conselho de Ministros, uma lei que promove o despedimento, ter um documento com grandes declarações de
intenções sobre formação de emprego. Como é que esta formação vai criar emprego? Diga lá como é que vai
criar emprego que não sirva apenas para financiar empresas, como a Tecnoforma, que enriquecem à custa de
fundos comunitários?
Outra questão: objetivo para a atividade económica. Neste caso também interessa perceber se para lá da
obsessão pelas exportações há alguma medida de facto para promover o emprego. É que exportações por
exportações também não interessam, elas não são um fim em si mesmo, as exportações servem para ter uma
atividade económica mais saudável e para criar emprego. Portanto, pergunto-lhe, Sr. Ministro, se nestas
medidas que visam a atividade económica há alguma garantia de que elas criem emprego líquido — não é
emprego precário nem estágios, é emprego com direitos e condições!
Terminava, Sr. Ministro, dizendo que ninguém põe em causa a importância das pequenas e médias
empresas neste País, mas não basta dizer que tudo aquilo que se pode exportar tem de ser financiado. Mais
tarde ou mais cedo, aparece uma empresa que quer exportar ministros… E olhe que até era capaz de não ser
mal sucedida!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — Obrigado!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Ministro, há atividades de exportação que podem não ter interesse
estratégico para o País — a refinaria da Galp, por exemplo, pode não ter interesse estratégico ou um grande
valor acrescentado; há atividades viradas para o mercado interno que, por sua vez, podem não exportar mas
são estratégicas, porque criam emprego, criam valor — a restauração é uma destas atividades, que está em
profunda crise e não tem nenhuma medida para combater a crise do seu setor; por outro lado, há também
atividades que precisam de investimentos em escala, precisam de investimento público que as PME não
podem fazer.
Sr. Ministro, aqui há uma outra questão: tem um relatório que contempla 20 prioridades para investimento
público no valor de 5 mil milhões. Neste projeto há 1000 milhões para investimento público, pelo que
gostaríamos de saber que infraestruturas é que são prioritárias, se são só no Litoral ou também no Centro.
E sobretudo, Sr. Ministro, queríamos perceber, para além das eleições que se avizinham, qual é a visão
estratégica deste Governo. Diz que quer exportar competitividade, mais produção industrial. Desafio-o a dizer
aqui como, exatamente que setores, em que termos, com que instrumentos, porque essa resposta até agora
não foi dada.
Aplausos do BE.