1 DE MARÇO DE 2014
19
O nosso projeto contempla que o serviço de atendimento permanente funcione, no mínimo, entre as 8 e as
24 horas, sendo também possível o funcionamento durante 24 horas.
No nosso projeto propomos, igualmente, que sejam abertos concursos para a contratação dos profissionais
de saúde necessários para dar resposta nestes serviços de atendimento permanente.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João
Prata.
O Sr. João Prata (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Discutimos hoje um projeto de lei,
apresentado pelo Bloco de Esquerda, que objetiva a reorganização funcional da rede de serviços de urgência,
e um projeto de resolução, apresentado pelo PCP, que pretende a criação de serviços de atendimento
permanente.
A pretensão do Bloco de Esquerda reporta-se às unidades de saúde onde funcionam atualmente serviços
de urgência de nível polivalente e médico-cirúrgica e que oferecem já uma resposta às exigências dos
cidadãos. Estamos, pois, perante uma proposta que pretende uma duplicação de serviços, o que conduz a
uma perda de eficácia do sistema.
Já o projeto de resolução do PCP recomenda a existência de um serviço de atendimento permanente em
todos os concelhos do País.
Quando se pretende criar nos hospitais centrais e de média dimensão o nível de urgência básica, temos, e
podemos afirmá-lo, o princípio do fim de toda a rede das urgências hospitalares, mas também de toda a rede
das unidades de cuidados de saúde primários, que, atualmente, e ao invés do que parece fazer crer o PCP, já
existe, funciona e importa reforçar, na linha daquilo que é mencionado em todos os estudos ao longo destes
últimos 25 ou 30 anos.
Iríamos, pois, ficar com uma dupla concentração naquelas unidades de saúde maiores, despovoando,
quem sabe, ainda mais o País e fazendo repercutir maiores custos a cada um dos cidadãos e ao sistema em
geral.
Ainda outra razão maior para não viabilizarmos este projeto de lei, onde não estão quantificados os custos,
é exatamente a sua oportunidade política, que, por sinal, mobilizou também o PCP mas de uma forma um
pouco atabalhoada e, com surpresa minha, pouco profissional.
Com estas propostas, o Bloco de Esquerda e, mais oportunisticamente, o PCP concorrem com o PS, ao
pretenderem fazer crer aos portugueses que acontece o caos nos serviços de urgências.
Recordam-se, Srs. Deputados, de que, aqui, neste Plenário, num debate quinzenal, foi tema de abertura a
suposta demora no atendimento nas urgências, entre outros, no Hospital Garcia de Orta. Disse-se aqui, no
mês passado, que a demora variava entre 5 e 20 horas.
Pois bem, Srs. Deputados, tais factos foram cabalmente desmentidos no relatório apresentado por aquela
unidade de saúde, como pudemos testemunhar na reunião da Comissão de Saúde.
Por outro lado, também é muito pouco rigoroso e até infame, face às condições do País, afirmar que este
Governo tenha desorganizado os serviços de urgência. Bem pelo contrário, este Governo tem emprestado
ação a este importante subsetor e desenvolve uma política de investimento orientada para os cidadãos de
todo o País, com a abertura de novas unidades de saúde familiar, a contratação de novos clínicos — está
aberto concurso para 200 novos clínicos entrarem no Serviço Nacional de Saúde —, a prioridade dada à
formação de clínicos especialistas em medicina geral e familiar, o reforço das políticas de orientação e
encaminhamento, com o recurso às linhas telefónicas acessíveis, como a Saúde 24 e o número de
emergência 112, a abertura de unidades de cuidados continuados, etc.
O Grupo Parlamentar do PSD não pode, pois, viabilizar uma e outra proposta legislativa, porquanto era
bem maior o rombo e o estrago que estaríamos a causar ao Serviço Nacional de Saúde, à saúde e aos
recursos financeiros dos portugueses.
Aplausos do PSD.