I SÉRIE — NÚMERO 55
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completamente injustos perante o povo que está lá fora. Vamos reconhecer a realidade, vamos dizer que há
problemas!
Continuo a ficar espantada, embora deva ser por pouco tempo, como é possível as bancadas da maioria
dizerem coisas destas?!
Mas gostava de rebater o único argumento que o Sr. Deputado usou para contrariar o projeto de lei do
Bloco de Esquerda, o único argumento de substância que vale a pena discutir.
Já agora, permita-me que lhe diga, Sr.ª Deputada Catarina Marcelinho, que compreendo as suas dúvidas
mas, para invocar que os recursos são poucos, já cá está a maioria, não era preciso o Partido Socialista!
Agora, vou referir-me à questão da duplicação dos serviços e se com isso se perde eficácia ou não. Sr.
Deputado João Pina Prata, qual é a situação que temos hoje nas urgências, sobretudo nos grandes centros
urbanos? A situação é aquela que descrevi: nas urgências está tudo, do emergente ao não urgente, e é isto
que faz diminuir a eficácia do serviço.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, faça favor de concluir.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, vou concluir, são só 2 segundos.
Diminui a eficácia do serviço e, sobretudo, diminui a qualidade e a capacidade de resposta das equipas
médicas.
A proposta do Bloco de Esquerda visa exatamente resolver este problema, não o contrário, e lamentamos
profundamente que não seja acompanhada pelas bancadas da maioria e, pelos vistos, também pelo Partido
Socialista, no sentido de encontrar uma solução urgente, para não dizer emergente, para os hospitais no
nosso País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla
Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No final deste debate, fica claro que
quem é demagógico, quem esconde a realidade, são os partidos da maioria, o PSD e do CDS-PP. É que vir
aqui negar que existe uma rutura nos serviços de urgência é negar a realidade, é negar que haja pessoas que
estão 8, 10, 11, 12 horas à espera de uma consulta.
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Afirmar que o Governo tem feito um investimento no Serviço Nacional de
Saúde é negar o corte que este ano está em vigor de 300 milhões de euros só no orçamento do Serviço
Nacional de Saúde. Evidentemente, esse corte tem repercussões nos cuidados que são prestados à
população, tem repercussões no acesso aos cuidados por parte da população. E dizer que as propostas que o
Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português apresenta são um roubo e um estrago é ofensivo para
todos aqueles que estão à espera de uma consulta, para todos aqueles que veem negado esse direito, por
ação política do PS, do PSD e do CDS, devido aos encerramentos.
O Sr. David Costa (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Bem compreendemos a posição do PS, quando diz que há dificuldades, que
não há reforço! Claro está que não podia ter sido outra a opinião! Porquê? Porque o PS assinou um pacto de
agressão, juntamente com o PSD e o CDS-PP, o Memorando, que está a impor ao País políticas que
impedem que os portugueses tenham acesso a direitos fundamentais,…
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!