1 DE MARÇO DE 2014
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Campos, quando, em 2007, começou a reforma e encerrou serviços de atendimento permanente. Portanto,
não é a este Governo que se tem de vir falar do encerramento dos serviços de atendimento permanente.
De qualquer forma, a pulverização de serviços de urgência e de serviços de atendimento permanente,
comprometendo, depois, a continuidade e a personalização dos cuidados, promovendo cuidados avulsos ao
invés do que devem ser os princípios enquadradores fundamentais numa prestação dos cuidados de saúde,
devolvendo aos cuidados de saúde primários o primeiro lugar no atendimento de situações urgentes, não nos
parece uma medida adequada.
Entendemos que existe espaço para proceder a uma melhoria, nomeadamente em questões organizativas
de articulação e de integração dos serviços e na própria cultura dos profissionais de saúde, sendo que este
Governo já acautelou a criação de grupos que estão a tomar medidas nesse contexto.
O Sr. Fernando Barbosa (CDS-PP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — De qualquer forma, o que queremos dizer é que não se devem
nem podem ignorar-se as medidas tomadas por este Governo para promover o acesso aos cuidados de
saúde, designadamente aos cuidados de saúde primários, porque se tem mantido a abertura de unidades de
saúde familiares com a contratualização de objetivos mais exigentes, particularmente no que toca ao
atendimento das situações de agudização de doença crónica e ao atendimento doentes não urgentes, e com o
alargamento de horários dos serviços nos cuidados de saúde primários.
Tem-se ainda dado prioridade ao aumento de formação dos especialistas de Medicina Geral e Familiar,
que são, para nós, um pilar fundamental na garantia do acesso aos cuidados de saúde, e o que se tem
verificado é um aumento do número de vagas para a formação destes especialistas.
Também é fundamental não ignorar que se tem promovido o alargamento do horário de trabalho, com a
passagem do respetivo regime de 35 para 40 horas, o que tem como consequência o aumento da dimensão
das listas de utentes.
Portanto, para todos os efeitos, não se podem nem se devem escamotear medidas que vão ao encontro do
que é fundamental: garantir o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde, nomeadamente aos cuidados de
saúde primários; trazer para os cuidados de saúde primários o atendimento das situações não urgentes, não
incrementando, assim, falsas urgências.
Queria terminar, Sr. Presidente, agradecendo a sua tolerância e insistindo que é do interesse de todos,
especialmente daqueles que querem ter responsabilidade governativas e querem merecer a confiança dos
cidadãos, explorar o espaço de melhoria nesta tarefa que nunca acaba e que é o garante da melhor
organização do Serviço Nacional de Saúde e do acesso dos portugueses aos cuidados de saúde,
nomeadamente aos cuidados de saúde primários.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma segunda intervenção, a Sr.ª Deputada
Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Já no final deste debate, o Bloco de
Esquerda gostaria de dizer que não deixa de ser de alguma forma espantoso, embora pudesse não o ser, que
o Deputado e a Deputada que falaram em representação das bancadas da maioria tenham feito, nesta
Assembleia, um esforço enorme para passar ao lado da situação que se vive nas urgências.
Continuo a ficar espantada, Srs. Deputados! Como é possível não reconhecer as situações que todos os
dias acontecem nos hospitais deste País?! O Sr. Deputado e a Sr.ª Deputada não vão aos hospitais, não vão
às urgências, não têm familiares nem vizinhos doentes?!… O que é que se passa?!
Dizer, como fez o Sr. Deputado João Prata, «a suposta demora nos serviços de urgência»?! Ó Sr.
Deputado, digo-lhe, com toda a frontalidade, que, neste País, toda a gente sabe que os serviços de urgência
estão em rutura. Toda a gente sabe! Não é justo ignorar esta situação, não é justo dizer que não, que as
coisas estão bem e que há uma lista enorme de coisas que o Governo está a fazer. Estamos a ser