1 DE MARÇO DE 2014
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O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: De facto, a discussão da lei dos
compromissos é recorrente aqui, no Parlamento, e, como em muitas outras, a discussão parece levar a que se
conclua que o País está bloqueado, parado. Aliás, era isso que se dizia quando esta lei foi proposta e
apresentada pela primeira vez. Dizia-se que iria bloquear a Administração Pública, parar o País… Mas parece
que o País não se tem dado mal nestes últimos dois anos com esta lei, tendo mesmo levado à redução
constante…
Risos do Deputado do PCP João Oliveira.
É verdade! Tirando algumas câmaras do PCP, tem razão, Sr. Deputado. Aliás, tenho dados para
apresentar ao Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Como dizia, no geral, esta lei tem levado à redução regular e
consentânea dos prazos de pagamento do Estado.
Diz-nos o PCP: «Bem, o problema não é os compromissos, não é os prazos, o problema é o
financiamento».
Srs. Deputados, é evidente que num País em que não há limites à despesa e ao endividamento, tudo é
possível, todas as políticas são possíveis, bem como é possível todos fazermos muito mais. Mas o primeiro
documento português que limita o endividamento e a despesa do Estado é a Constituição da República
Portuguesa, Srs. Deputados.
É extraordinário que se diga que uma lei que reafirma aquilo que a Constituição diz, ou seja, que não pode
haver assunção de despesa nem de dívida sem autorização do Parlamento — o que esta lei diz é exatamente
a mesma coisa, por outras palavras —, não é cumprível.
Srs. Deputados, aguardo a proposta de alteração constitucional do PCP, do Bloco de Esquerda, de Os
Verdes e do PS a dizer que o Estado se pode endividar e assumir despesa sem autorização do Parlamento,
pois é aquilo que os Srs. Deputados aqui propõem.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Mas o PCP diz esta coisa extraordinária: que a lei não é assim tão má
e que, passo a citar, «algumas normas consagradas na lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso
poderiam ter alguma utilidade. Mas essa utilidade só se verificaria noutro quadro político».
Ou seja, se fosse o PCP a mandar seria bom limitar a despesa do Estado e das autarquias!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Como está uma maioria diferente no poder, os senhores querem
«deitar fora a água do banho com a criança»!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Só digo o seguinte: financiamento adequado das entidades públicas!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Deputado Paulo Sá, no Seixal, a Câmara demora 632 dias a pagar
aos seus fornecedores! No Barreiro, demora 444 dias!
Protestos do PCP.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Ouçam!