O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 DE MARÇO DE 2014

33

Portanto, sendo uma personalidade política que nunca esteve na área do PCP, por vezes tivemos até

divergências relativamente profundas, mas sempre houve uma relação de muita estima recíproca. Medeiros

Ferreira foi uma das figuras mais respeitadas da democracia portuguesa.

Associamo-nos a este voto, salientando, também, a sua qualidade enquanto professor universitário e

historiador. Aliás, há pouco dias, foi aqui apresentado um volume de estudos de homenagem ao Professor

António Reis, em que se pode ler um texto notável da autoria de José Medeiros Ferreira, que terá sido,

porventura, o último dos textos dado à Estampa.

Em nome do Grupo Parlamentar do PCP, queria manifestar as nossas condolências ao Partido Socialista e

aos seus familiares.

A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do Bloco de Esquerda.

Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.as

e Srs. Deputados: Em nome

do Bloco de Esquerda, gostaria de começar por apresentar à viúva de José Medeiros Ferreira e aos seus

familiares os nossos sentidos pêsames e as nossas condolências, que também dirigimos ao Sr. Secretário-

Geral do Partido Socialista, o Deputado António José Seguro.

Não é difícil falar de José Medeiros Ferreira. Quem o conheceu reconhece a sua riqueza enquanto cidadão,

enquanto pessoa, bem como a riqueza da sua personalidade e também o riquíssimo património de intervenção

cívica e política. Portanto, podemos falar com facilidade de José Medeiros Ferreira, porque era um homem que

tinha muitas pontas por onde podíamos puxar.

Nesta hora, gostaria de sublinhar, porque considero que esse é um património e um ensinamento que nos

deixa a todos, enquanto intervenientes, atores políticos e também homens e mulheres de diferentes partidos,

que José Medeiros Ferreira nos ensinou uma cultura e um espírito de liberdade, um espírito crítico que teve

em todos os momentos da sua vida, seja durante a ditadura fascista, seja já depois do 25 de Abril, no regime

democrático em que hoje vivemos.

José Medeiros Ferreira, como todos estamos lembrados, foi um entusiasta da integração de Portugal na

Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia. Sabemos todos do empenhamento e da galvanização

de José Medeiros Ferreira em torno dessa causa. Apesar disso, José Medeiros Ferreira era, hoje, um dos

olhares mais críticos, mais preocupados relativamente ao rumo da União Europeia. José Medeiros Ferreira

não podia deixar-nos melhor demonstração de espírito livre e de espírito crítico.

Nesta hora, é isso que queremos recordar: a sua personalidade riquíssima.

A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PSD.

Tem a palavra o Sr. Deputado Mendes Bota.

O Sr. Mendes Bota (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Sr.as

Deputadas e Srs.

Deputados: Obviamente que o PSD se associa ao pesar pelo desaparecimento de José Medeiros Ferreira.

José Medeiros Ferreira é um daqueles homens cuja vida, de certa maneira, quase acompanhou o pulsar

político de Portugal nas últimas décadas. Enquanto oposicionista no antigo regime, foi um homem que teve de

se exilar, foi um homem que teve de se refugiar, foi um homem que encarou e enfrentou a prisão — o modo de

o regime tratar aqueles que a ele se opunham —, mas foi também um construtor da democracia que hoje

vivemos. Foi governante ainda no período dos governos provisórios, foi governante no período dos governos

constitucionais, foi um Deputado da Assembleia Constituinte.

Foi um fundador da democracia, do sistema e do regime pelo qual nos regemos.

Oriundo de uma família açoriana e nascido, circunstancialmente, no Funchal, diria que estas raízes que

vêm das ilhas e da ultraperiferia sempre construíram em Medeiros Ferreira um homem que soube encarar

aquilo que eram os malefícios do centralismo do poder político, fosse ele em que regime fosse, quer

anteriormente, quer na democracia.

Medeiros Ferreira deixa um grande património, não só por aquilo que escreveu, por aquilo que disse, pelas

palavras que proferiu, mas também pela nossa presença na Europa, que se deve muito a Medeiros Ferreira.

Também nos deixa um património como um historiador que soube colocar a História no seu devido lugar, com