27 DE MARÇO DE 2014
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louvar a coragem, porque nós ouvimos aquilo que o Sr. Ministro, hoje, aqui disse e ficamos a pensar que os
dados que o INE divulgou referem-se a todo o lado menos a Portugal.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — É um país lá longe!…
Mas, Sr. Ministro, estes dados que foram divulgados pelo INE referem-se a Portugal! É a este País que os
dados se referem. E o que estes dados nos dizem é que, em 2012, um em cada cinco portugueses enfrentou
riscos de pobreza, e esse risco foi 3,5% superior nas famílias com crianças a cargo. Estes dados retratam um
País mais pobre, com mais miséria e com mais exclusão social.
Com a natalidade em queda, disparou o risco de pobreza das famílias monoparentais e dos casais com
três ou mais filhos; o risco de pobreza das pessoas que vivem sós atingiu uma em cada cinco pessoas desse
grupo; o risco de pobreza aumentou 2%, no caso das pessoas desempregadas; só em três anos, o número de
portugueses em risco de pobreza cresceu quase 7%; o risco de pobreza para os menores de 18 anos regista
um crescimento a rondar os 5% em apenas um ano, Sr. Ministro.
É por isso que dizemos que não percebemos aquilo que o Governo quer dizer quando fala em sinais
positivos, quando fala na luz ao fundo do túnel ou quando fala nos milagres económicos. Não percebemos e
ninguém pode perceber, face a este retrato que, repito, se refere a Portugal.
É um retrato em termos de pobreza que deve até envergonhar os membros do Governo, é verdade, mas,
Sr. Ministro, este pobre retrato que hoje temos do País não é produto de qualquer intervenção divina, não é
fruto do acaso. O que está a acontecer-nos é o resultado das políticas deste Governo, das opções que este
Governo tem vindo a tomar.
Portanto, esta desgraça coletiva que hoje vivemos tem responsáveis, e os responsáveis são aqueles que
têm assumido o comando da governação do nosso País.
Sr. Ministro, estes dados, que, repito, deveriam envergonhar os membros do Governo, referem-se a 2012.
Uma vez que o Governo, entretanto, prosseguiu a política de austeridade e de cortes nas políticas sociais é de
supor que os dados de 2013 sejam ainda muito piores. Isso devia ser suficiente para que o Governo
ponderasse a política que tem vindo a desenvolver ou, então, não querendo mudar de política, para que fosse
pregar para outra freguesia, porque os portugueses já há muito o reclamam.
Aplausos de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, há, de facto, dois partidos que dispõem de 5 minutos cada um: o
Bloco de Esquerda, porque lhe acresce tempo, e Os Verdes, porque ainda não tinham intervindo. Foi um lapso
meu quando disse que tinham muito pouco tempo.
Pelo PCP, para intervir, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O Sr. Ministro
fala dos dados do INE como se eles não existissem. O Sr. Ministro continua a tocar o violino enquanto o barco
se está a afundar, e rapidamente.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Ainda tem o descaramento de vir com a conversa de que protegem os
mais pobres!… Sr. Ministro, esse discurso é uma mentira, é um discurso ofensivo para as pessoas que
passam fome e que assistem a este debate.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Os dados do INE provam que o Governo tira aos mais pobres, tira aos
trabalhadores, para engordar os mais ricos, os multimilionários do nosso País.