I SÉRIE — NÚMERO 65
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O Sr. Pedro Roque (PSD): — … muito menos daqueles partidos que à nossa esquerda tudo fizeram para
que o País se encontre na atual situação económica e social.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Convém, no entanto, «não isolar a árvore da floresta». O País enfrenta uma
situação difícil, mercê de ficar à beira da bancarrota, numa condição em que o anterior Governo se viu na
contingência de pedir um resgate financeiro internacional, sob pena de o País, o Estado entrar em
incumprimento.
Era natural que, perante um empréstimo que representa cerca de dois quintos do PIB português, o
Memorando de Entendimento que foi assinado e negociado pelo Governo anterior, tivesse implícito um
determinado número de cortes, determinadas medidas de austeridade que este Governo, independentemente
do seu Programa, se viu, logicamente, obrigado a cumprir. Assim sendo, é óbvio também que, associado a
uma crise europeia, na qual boa parte das economias entraram em recessão, o ano de 2012 fosse o ano em
que o impacto económico e social se fizesse sentir com particular acuidade.
Daí que seja natural este relatório do Instituto Nacional de Estatística refletir, também ele, um aumento das
situações de pobreza em Portugal.
Portanto, há aqui uma preocupação de todos e a preocupação da maioria e do Governo vão no sentido de
criar as condições, do ponto de vista financeiro, económico e social, não só para que a situação se inverta,
mas, acima de tudo, para que não mais se repita em Portugal.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — É importante criar condições para um crescimento sustentável da nossa
economia, para a redução do desemprego e para níveis de bem-estar que não nos envergonhem em termos
europeus.
Mas, Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.as
e Srs. Deputados, em face da situação difícil que o País viveu em
2012, diria, que toda a Europa viveu em 2012, o nosso País nem sequer se pode envergonhar dos números.
Se fizermos um estudo comparado da situação de Portugal com o conjunto dos Estrados-membros da União
Europeia a 27, mormente com determinados países que nem sequer sofreram o impacto da aplicação de um
resgate e de um Memorando de Entendimento, veremos que o aumento percentual em Portugal foi muito
inferior àquele que se registou, por exemplo, em países como a Espanha ou a Itália. Isto já para não falar, por
exemplo, da Grécia, onde os impactos sociais foram bastante mais graves.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — São dados concretos! São números!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Mas também ficámos a saber, há pouco tempo, no relatório do FMI (Fundo
Monetário Internacional), que, no âmbito dos países que sofreram medidas de austeridade entre 2008 e 2012,
Portugal foi o País onde a austeridade foi mais progressiva. Em Portugal, os mais ricos tiveram o dobro da
redução no seu rendimento, comparativamente com as pessoas mais pobres.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É mentira!
O Sr. Pedro Roque (PSD): — Portanto, perante as dificuldades, perante os sacrifícios, muitos deles
inevitáveis em função da situação em que fomos colocados, houve, de facto, uma discriminação positiva, em
função dos rendimentos das pessoas. Pagou mais quem mais podia!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.