27 DE MARÇO DE 2014
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Como é que se justifica um Governo que dá benefícios fiscais para as grandes empresas e corta no
complemento solidário para idosos?
Como é que podemos viver num País em que prescrevem as multas dos banqueiros e ao mesmo tempo se
corta no RSI?
Como é que podemos viver num País em que aumenta o número de milionários, e o tamanho da sua
fortuna, e os desempregados e as desempregadas são deixados abandonados, sem nenhuma prestação
social?
O Bloco de Esquerda volta ao repto. Sobre a pobreza não valem lágrimas de crocodilo, é preciso agir já.
Cada dia que passa na pobreza é um dia de negação de direitos humanos.
Esta é a nossa proposta: voltar à rede de prestações sociais que havia em 2009; revogar os decretos-leis
que retiram o abono de família; revogar o decreto-lei que diz que cada criança vale «meio»; revogar o decreto-
lei que cortou o complemento solidário para idosos e o rendimento social de inserção. Fazer alguma coisa já!
Ser consequente! Responder à crise!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Pelo CDS-PP, para intervir, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, Sr.ª Secretária de Estado, Sr. Secretário de
Estado: Este relatório do INE é seriíssimo e é demasiado importante para que se possam fazer aqui discursos
demagógicos e populistas.
Protestos do PCP e de Os Verdes.
Como disse o Sr. Deputado Jorge Machado, este relatório do INE prova efetivamente duas coisas, mas não
é o que o Sr. Deputado disse, não é o que disse o Partido Socialista, nem é o que disse agora a Sr.ª Deputada
Catarina Martins.
O relatório prova duas realidades intrinsecamente ligadas mas distintas, Meus Senhores: prova que em
Portugal há pobreza endémica, que vem muito, muito de trás e que nunca foi erradicada;…
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Que vergonha!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … prova que houve um modelo de desenvolvimento errado,…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
Protestos da Deputada do PS Sónia Fertuzinhos.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … sustentado na despesa do Estado, sustentado em endividamento, que
nunca erradicou essa pobreza. Prova este relatório, que analisa de 2005 a 2012, que já em 2005, e vindo de
trás, havia quase 18% de portugueses em situação de pobreza.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Só descobriu isso agora?!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — É isto que o relatório prova.
Esta é a primeira realidade, ou seja, o relatório prova um erro de modelo e um erro de governação,
principalmente da parte do Partido Socialista, que perpetuou a pobreza, que lhe dava assistência do Estado
mas perpetuando-a; prova que nada se fez em termos de modelo económico para tirar as pessoas dessa
situação. E, geração após geração, como disse o Sr. Deputado Vieira da Silva, a pobreza cola-se à pele, os
portugueses foram permanecendo na pobreza e aí ficando, com subsídios e apoios do Estado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É verdade!