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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Daqui afirmamos que a política do Governo é, ela própria, promotora de um crescimento populacional

deficitário.

Hoje em dia, em Portugal, as desigualdades sociais são ainda mais gritantes; a distância entre os 10%

mais ricos e os 10% mais pobres acentuou-se, o que prova que o Governo põe os mais frágeis a pagar a

fatura e não tem nenhuma — nenhuma! — ética social.

Dizia, há tempos, o Sr. Primeiro-Ministro, que o seu limite era a ética social, mas a prática demonstrou que

a direita não tem limites.

É por isto e por muito mais que, ao longo dos tempos, o Partido Ecologista «Os Verdes» tem vindo a

salientar que é preciso inverter o caminho seguido até aqui. O País, por este caminho, não para de definhar e,

com este Governo, essa inversão não se dará. Vem aí mais austeridade para reduzir o défice nos anos

seguintes, sempre a obsessão do défice — o PS, o PSD e o CDS colaram-nos a essa lógica, através da

aprovação do tratado orçamental, estrangulando o País na sua capacidade de desenvolvimento.

Bem pode, agora, vir o Sr. Deputado Luís Montenegro dizer que não vêm aí mais cortes nos salários e nas

pensões. O que chamará o Sr. Deputado ao agravamento da contribuição para a ADSE? É um aumento de

rendimento?! O que chamará o Sr. Deputado à nova tabela salarial para a função pública? É uma valorização

de rendimentos?!

O Sr. José Magalhães (PS): — Claro! É isso mesmo!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Seja por via dos impostos, de taxas, de contribuições ou de outra

coisa qualquer, o Governo não parará a saga do emagrecimento dos salários e das pensões, a saga do

empobrecimento dos portugueses.

É por isso que dizemos que a solução é demitir o Governo. E, Sr.as

e Srs. Deputados, nas próximas

eleições europeias temos uma oportunidade de ouro para o penalizar, dura e devidamente.

A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Vocês vão desaparecer!

A Sr.ª Presidente: — Estão inscritos, para fazer perguntas, os Srs. Deputados Jorge Machado, do PCP, e

Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda. A Sr.ª Deputada informou a Câmara de que pretende responder

em conjunto.

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, quero

saudá-la pelo tema escolhido para a sua declaração política, que é, efetivamente, de grande atualidade.

Da declaração política do Partido Ecologista «Os Verdes» resulta a demonstração clara de um

agravamento sem precedentes da pobreza no nosso País. Ao contrário do exercício a que assistimos há bem

pouco tempo, quer da maioria PSD/CDS, quer do Sr. Ministro, de enfiarem literalmente a cabeça na areia e

não reconhecerem este facto, a verdade é que temos 24,7% da nossa população, 2600 milhões de

portugueses, em risco de pobreza.

A pobreza severa aumenta, 40% dos desempregados estão em risco de pobreza, mas mesmo nos

empregados, nas pessoas que trabalham, mais de 10% aumentou o risco de pobreza. Temos 1400 milhões de

trabalhadores desempregados dos quais apenas 376 000 recebem subsídio de desemprego.

A maioria PSD e CDS/PP faz de conta que não tem nada a ver com o assunto, quando são os principais

responsáveis pela situação desgraçada que se vive.

A minha pergunta tem a ver, precisamente, com o outro lado da moeda: é que se, por um lado, a pobreza

aumenta de uma forma significativa, como é que a Sr.ª Deputada justifica que nos anos de 2012 e de 2013,

em que a pobreza aumenta de uma forma tão significativa, os grandes grupos económicos e os milionários

vejam os seus lucros aumentarem? Aumentaram o seus lucros a EDP, 1005 milhões de euros; a Portucel, 210

milhões; o BES, 517 milhões; a GALP, 310 milhões; a Sonae,319 milhões; a Jerónimo Martins, 382 milhões. E

mesmo as fortunas pessoais dos milionários e dos multimilionários, no nosso País, cresceram 17%!

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma vergonha!