O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

27 DE MARÇO DE 2014

21

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Então, a pergunta é esta: há ou não riqueza no nosso País? Há! Ela está,

efetivamente, a ser bem distribuída? Não está! E os dados comprovam-no.

Muito sinteticamente, a pergunta é perceber se é ou não uma intenção deliberada deste Governo promover

um projeto de concentração de riqueza em meia dúzia de pessoas e de grupos económicos. É que para criar

um rico são precisos milhões de pobres. Pergunto se não é exatamente o que o Governo está a fazer de uma

forma deliberada.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, tem a palavra, para pedir esclarecimentos.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, em primeiro lugar,

gostaria de cumprimentá-la pelo tema e, de facto, acompanhar também muitas das preocupações que trouxe.

Se é verdade que a pobreza é motivo de preocupação em qualquer país, quando vemos um país em crise,

como Portugal, e vemos que as políticas públicas têm agravado essa crise, percebemos que os responsáveis

pelo aumento da pobreza são aqueles que escolhem a austeridade como o patamar máximo para as suas

escolhas.

E é por isso, de facto, que este é o sítio certo para questionarmos aqueles que são os agentes políticos, os

políticos que votam a favor de orçamentos de Estado que cortam nos rendimentos das famílias e os governos

que decidem impor uma austeridade ao País que leva a que, por exemplo, quem trabalhe, mesmo

trabalhando, não consiga sair da pobreza.

Mas a verdade é que o País não é todo igual. Há várias realidades e consoante se esteja mais próximo dos

desígnios deste Governo maior é a facilidade com que se vai fintando a crise ou até ficando mais rico com ela.

Vemos um Portugal com cada vez mais pobres mas onde os ricos são cada vez mais ricos. Basta vê-los

subir na escadinha dos milionários a nível mundial — cada vez mais ricos.

E com esta crise, o que é que aconteceu? Seria de esperar que pudessem ter ficado mais pobres, que

tivesse havido mais igualdade, mas, não, vemos exatamente o contrário. A crise e a política de austeridade

serviram para criar ainda mais desigualdade no País e, com isso, os pobres ficam cada vez mais pobres e os

ricos, esses, cada vez mais ricos.

Peço-lhe, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, que comente uma coisa simples. Sei que é simples mas serve

para ilustrar aquela que é a realidade das escolhas desta política.

No último fim de semana, soubemos que há uma administração de um novo banco que vai ser nomeada,

do banco de fomento, e o Governo que diz que não pode aumentar o salário mínimo nacional, que não se quer

meter nessa conversa e que o congelou desde que está em funções, é o mesmo que diz que vai dar um

salário de 13 000 euros a quem está na administração desse banco.

Pergunto-lhe como é que se pode qualificar esta realidade. O que é que se pode chamar à escolha de

quem diz que não pode aumentar um salário de 485 euros por mês, que para a grande maioria das pessoas

que recebem este salário não os retira da pobreza, e depois, no dia seguinte, vem nomear administrações

ganhando 13 000 euros por mês.

Na opinião do Bloco de Esquerda, isto é um insulto e gostaria de saber se a Sr.ª Deputada também

acompanha esta classificação.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, para responder.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, agradeço aos Srs. Deputados do PCP e do Bloco

de Esquerda as questões que colocaram e gostaria de dizer o seguinte: aquele discurso permanente que o

Governo tem, de que todos, todos, em Portugal são sacrificados, julgo que cai por terra com este tipo de

informação que nos chega, designadamente com esta estatística do INE.