I SÉRIE — NÚMERO 65
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Montenegro, em primeiro lugar,
quero deixar-lhe o cumprimento da praxe sobre as Jornadas Parlamentares do PSD, que acompanhámos com
atenção, desde o início, quando ouvimos uma proposta de novos impostos, agora sobre os levantamentos
bancários, por parte da Dr.ª Teodora Cardoso, algo que também escutámos com atenção mas sobre o que
não ouvimos um desmentido do PSD de que quisesse seguir por esse caminho.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Desmentido, porquê?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas, ouvindo com toda a clareza aquela que foi a sua intervenção de
hoje e aquela que é a mensagem que sai das Jornadas Parlamentares do PSD, percebemos que há aqui
«gato escondido com rabo de fora».
Diz-nos o Sr. Deputado — tentou repeti-lo, hoje, outra vez — que não há novos cortes na manga. Ora bem,
Sr. Deputado, peço-lhe que diga, então, aqui, que aquela notícia que saiu no fim de semana e que dá conta da
revisão da tabela salarial na Administração Pública não irá significar um novo corte nos salários da
Administração Pública. Diga aqui, Sr. Deputado, que se houver uma proposta que vá cortar 5%, 4%, 3%, o que
for, nos salários da Administração Pública, o PSD vai votar contra essa proposta, rejeitando novos cortes nos
salários.
É que, se não assumir isso, então, percebemos que quem falava a verdade não era nenhum representante
do Grupo Parlamentar do PSD mas, sim, Marques Mendes, no seu comentário semanal, quando disse que
vão ser impostos novos cortes — 1700 milhões de euros de cortes! —, ou Pedro Passos Coelho e Maria Luís
Albuquerque, quando dizem que, de facto, para 2015, há novos cortes na forja.
Sr. Deputado, o que, creio, ninguém dúvida é que alguém não está a falar a verdade. É que, entre aqueles
que dizem que não há cortes e aqueles que já dão montantes para os cortes que estão em cima da mesa,
todos sabem que a verdade não pode ser que nada se passa, porque alguém mente aqui. O que tudo indica é
que, de facto, a verdade não está do lado daqueles que não têm novos cortes na manga.
Por isso Sr. Deputado, sem nada na manga, diga aqui às pessoas que não há novos cortes em cima da
mesa para os funcionários públicos, para os pensionistas, nos serviços do Estado, para cumprir aquela que é
a meta que o próprio Governo e a maioria assinaram para 2015, que é a meta dos 2,5% de défice e, daí, 1500
a 2000 milhões de euros de redução orçamental para o próximo ano e, daí, mais 1500 a 2000 milhões de
euros de cortes.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Este é o desafio. Em nome da verdade, em nome da transparência, olhos nos olhos, e sem nada na
manga, diga-o aos portugueses.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, agradeço aos Srs. Deputados Sónia Fertuzinhos e Pedro
Filipe Soares tanto a saudação relativamente à realização das nossas jornadas parlamentares como as
questões colocadas.
Começo pelas questões colocadas pela Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos para lhe dizer o seguinte: temos
duas formas de analisar o relatório do INE e os dados da evolução do risco de pobreza, em Portugal. Temos a
forma que, infelizmente, a Sr.ª Deputada e o Partido Socialista escolheram, que é uma forma completamente
demagógica, ao querer atribuir a um processo de recuperação financeira, a um processo de emergência de