5 DE ABRIL DE 2014
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Disse a Sr.ª Deputada: «bem, o senhor, que ainda tem défice para reduzir e, portanto, despesa pública
para reduzir, o que está a prometer é criar uma bolsa de pobreza para os portugueses, e isso é errado». Sr.ª
Deputada, as previsões do Governo, é certo, mas também de todas as outras instâncias que se têm
pronunciado sobre esta matéria, infirmam, desmentem essa perspetiva.
Na verdade, a economia portuguesa está a crescer há exatamente um ano, desde o segundo trimestre de
2013, e a perspetiva para este ano é também de crescimento. Portanto, não só não é de recessão como não é
de pobreza, Sr.ª Deputada, é de recuperação económica. Essa recuperação económica não é feita
homogeneamente e não resolve todos os problemas que se foram acumulando nestes anos — com certeza
que não! Precisaremos de exibir crescimento durante vários anos para podermos criar um nível de
investimento que possa ser adequado para a redução do desemprego e para permitir o valor acrescentado
que há de gerar maior riqueza a ser distribuída, com mais justiça entre os portugueses.
Mas o caminho é esse, Sr.ª Deputada, e não o inverso. O caminho que a Sr.ª Deputada, de certa maneira,
deixa implícito, que é «deixe estar o défice, não se preocupe com as políticas de correção, reponha os
rendimentos todos, mesmo que para isso tenha de pedir outro resgate», Sr.ª Deputada, isso é que conduziria
o País a medidas ainda mais difíceis e ainda a mais empobrecimento.
Mas creio, Sr.ª Deputada, que os portugueses entendem isto muito melhor do que a senhora tem mostrado
compreender.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem novamente a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, que ainda dispõe de
tempo.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, se a economia está a
crescer como o senhor diz…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não sou só eu que digo!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … e perspetiva para o futuro, gostava de saber por que é que o
Sr. Primeiro-Ministro não cria melhores condições de vida aos portugueses.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Boa pergunta!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas criamos!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Então, Sr. Primeiro-Ministro, uma coisa tem ou não a ver com a
outra? Então, a economia cresce nas mãos do Sr. Primeiro-Ministro e os pobres aumentam, em Portugal, pela
mão do Sr. Primeiro-Ministro?! Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Cresce para os ricos!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — O Sr. Primeiro-Ministro vem aqui e quero-lhe fazer uma pergunta:
a austeridade é ou não para manter? Que me lembre, o Sr. Primeiro-Ministro disse, ainda há bocado, que é
muito normal, que é mesmo a coisa mais normal do mundo, que a austeridade gere pobreza. Sr. Primeiro-
Ministro, não conseguimos, de facto, encontrar aqui a peça do puzzle entre as políticas deste Governo, entre a
economia, entre a pobreza, entre a lógica orçamental, nada disto bate certo. Porquê? Porque o Governo
insiste em esmagar sempre os mesmos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!