I SÉRIE — NÚMERO 71
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… que não esteja de acordo com a livre escolha dos doentes.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tenha respeito! Quem pensa que é?!…
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde: — Contudo, devo deixar-lhe a nota de que
esta diretiva…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tenha respeito!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde: — … não corresponde a uma motivação de
carácter político, como V. Ex.ª disse, corresponde, sim, ao respeito…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não fale em respeito!
O Sr. Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde: — … integral que temos pela necessidade,
no quando europeu onde estamos inseridos, de respeitar, isso sim, as instituições europeias e proceder à
aplicação da diretiva em seu devido tempo.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está sempre armado em arruaceiro, onde quer que vá!…
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Sr. Secretário de Estado, falar em liberdade
de circulação, falar, como, por exemplo, falou o Sr. Deputado Nuno Reis, do PSD, em liberdade de escolha
num País em que há mais de 1 milhão de cidadãos que não têm médico de família é uma ofensa a cada um
desses cidadãos. É mesmo, de alguma forma, uma provocação a cada um desses cidadãos.
Não estamos aqui a discutir liberdade de circulação de coisa nenhuma a não ser do negócio, porque, tanto
quanto sei — e falo, agora, até como médico —, tirando situações muito excecionais e muito graves, os
doentes pretendem tudo menos circular, pretendem é atendimento a tempo e horas no Serviço Nacional de
Saúde e é essa a primeira garantia que o Governo tem de dar. Mas verifiquei, ao longo deste debate, como o
Sr. Secretário de Estado procurou fugir a esta responsabilidade.
Diz o Sr. Secretário de Estado que isto não é a privatização do serviço de saúde. É verdade, não é. Mas
todos sabemos que esta diretiva se inscreve na sequência de outras, algumas das quais falharam exatamente
porque pretendiam acelerar o ritmo da privatização dos serviços de saúde. E se não é para a privatização dos
serviços de saúde é, claramente, para favorecer o negócio privado da saúde em toda a Europa, incluindo no
nosso País. É exatamente isso que não pode contribuir para que o Serviço Nacional de Saúde dê mais
respostas.
Diz o Sr. Secretário de Estado: «há hospitais com oferta excedentária». Sr. Secretário de Estado, tem de
dizer quais são porque eu não conheço! O que eu conheço é muitos portugueses excendentários a quererem
Serviço Nacional de Saúde e a não terem a resposta de que precisam. Isso é que, infelizmente, é excedentário
em Portugal! É a dificuldade crescente, por responsabilidade do seu Governo, de o Serviço Nacional de Saúde
responder a esses cidadãos.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Santos.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Quem
assistir a este debate poderá achar estranha a posição que o PCP aqui assume perante uma matéria que é do
interesse de todos os cidadãos europeus, a diretiva transfronteiriça dos cuidados de saúde, que garante que