17 DE ABRIL DE 2014
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grandes grupos económicos e financeiros. Esta é que é a realidade. Sr. Deputado, não contribuímos para as
PPP; para os swaps, para as concessões das empresas públicas, etc.
O Sr. Deputado disse também uma coisa que não é verdade e que tem de ser desmentida pela enésima
vez. Disse que há três anos era necessário assinar o Memorando da troica para pagar salários. Não é
verdade, Sr. Deputado, e sabe muito bem que o Memorando da troica tinha como objetivo imediato garantir
que aqueles que nos anos anteriores, principalmente em 2010 e 2011, tinham especulado com a dívida
pública iriam receber o produto da sua agiotagem até ao último cêntimo. O Memorando da troica não era para
pagar salários ou pensões, porque essas foram reduzidas pelo vosso Governo; era para garantir que os
agiotas, os especuladores recebiam o produto da sua especulação contra a dívida pública portuguesa.
Aplausos do PCP.
Sr. Deputado, o Governo, o PSD e o CDS falharam no objetivo de reduzir a dívida.
Já hoje tive oportunidade de exibir um gráfico que mostra que os últimos três anos, os anos em que
estivemos sob o Memorando da troica, foi o período em que a dívida cresceu mais. Cresceu 52 000 milhões
de euros e os juros pagos anualmente passaram de 4800 milhões de euros para 7300 milhões de euros. Esta
é a realidade que o Governo, o PSD e o CDS-PP não conseguem esconder.
Sr. Deputado, é hoje reconhecido que a dívida é cada vez mais insustentável. E gostaria de referir um
documento de um fundo de investimento privado, o Tortus, os tais investidores que o Sr. Deputado deve
conhecer, que refere que a dívida é insustentável e que deve ser renegociada.
E, mais, neste documento do fundo de investimento Tortus há um conjunto de mitos que são assinalados e
desmistificados. O primeiro mito é o de que o crescimento está ao virar da esquina; o segundo é o de que as
exportações podem salvar Portugal; e o terceiro mito é o de que a troca da dívida é um sucesso. Aconselho,
pois, a leitura deste documento, em que o próprio fundo de investimento privado Tortus vem dizer,
preocupado, que a dívida pública portuguesa é insustentável.
Há, obviamente, outros estudos, que o Sr. Deputado conhece, que apontam exatamente nesse sentido.
O Sr. Depurado falou durante quase 6 minutos, mas, tal como o PSD, não explicou a questão central: como
é que o Governo, como é que o CDS e o PSD pretendem pagar a dívida, que não para de crescer. Nos últimos
três anos, quanto mais pagámos mais devemos e o Sr. Deputado não disse como é que pretendem pagar
essa dívida, como é que pretendem garantir que a dívida é sustentável.
Com certeza que têm planos para impor mais sacrifícios aos portugueses no futuro. Os planos do Governo
do PSD e do CDS passam por aí e os senhores não os querem revelar em toda a sua amplitude.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Concluído o período de abertura do debate, vamos passar às intervenções, estando
inscrito, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Miguel Frasquilho.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr.ª Presidente da Assembleia da República, Srs. Deputados: Portugal
está a um mês de terminar o Programa de Assistência Económica e Financeira a que se encontra submetido
desde maio de 2011, e está a um mês de o terminar favoravelmente, porque foi evitado um segundo resgate,
que muitos temiam e alguns, porventura, desejavam para poderem evidenciar o fracasso do Governo. Mas
não foi isso que aconteceu.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A verdade, porém, é que temos vindo a recuperar a confiança da comunidade internacional e a beneficiar,
ao mesmo tempo, de um sentimento positivo dos investidores em relação aos países periféricos da zona euro
e, em resultado de tudo isto, os juros que nos pedem para financiar a nossa dívida pública encontram-se com
valores mais baixos desde o segundo semestre de 2009. No prazo de referência de 10 anos, estão já a 3,8%,