I SÉRIE — NÚMERO 74
8
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Portanto, a estratégia de renegociação da dívida só tem uma resposta à
escala europeia e exige que Portugal esteja do lado certo neste combate,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — … e não numa estratégia, como a vossa candidatura europeia vem
dizendo, de saída do euro, que leva a que as dívidas dos portugueses continuem em euros, mas que o seu
preço efetivo aumente 30%, 40%.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Muito bem!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Não é esse o futuro que queremos para as empresas, para os
trabalhadores, para os pensionistas.
Haircut — haircut aos salários e às pensões — é o que faz a direita! O que nós queremos é
sustentabilidade com crescimento e emprego e não uma estratégia antieuropeia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, peço-lhes que não alonguem tanto as perguntas.
Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Eduardo Cabrita, agradeço a sua questão. Registo
que repetiu os mesmos argumentos do PSD relativamente à questão do euro, à qual já respondemos, por isso
queremos centrar-nos na questão da renegociação da dívida.
Diz o Sr. Deputado que continuamos na mesma linha de há três anos. É verdade, apresentamos esta
proposta de renegociação da dívida porque ela mantém a sua atualidade. Aliás, tem uma atualidade redobrada
tendo em conta o desastre nacional dos últimos três anos.
Em 2010 e 2011, na altura do Governo do PS, o País encontrava-se sob o ataque à sua dívida soberana,
um ataque especulativo em que os mercados cobravam juros elevadíssimos a Portugal. Financiavam-se junto
do Banco Central Europeu a taxas reduzidas e depois emprestavam a Portugal com taxas de 5%, 6%, 7%,
10%, 12%. Nessa altura, em abril, dissemos que era preciso dizer «basta!» a essa situação e apresentámos o
nosso projeto de renegociação da dívida, que era um projeto alternativo ao Memorando da troica. E o PS, que
nos meses anteriores se tinha queixado do ataque especulativo à dívida soberana portuguesa, que tinha
considerado os juros especulativos, em vez de dizer «basta!», submeteu-se ao Memorando da troica,
negociou-o e assinou-o quando tinha sobre a mesa uma alternativa: a renegociação da dívida nos moldes
propostos há três anos e que hoje apresentamos novamente.
O PS tinha alternativa, mas preferiu, juntamente com o PSD e com o CDS, não beliscar os interesses dos
credores, submeter-se a estes interesses e assinar o Memorando da troica. Em resultado disso, como o Sr.
Deputado disse, a nossa dívida cresceu de forma assustadora e nos últimos anos, em que estivemos sujeitos
à troica, foi quando a dívida cresceu mais.
O Sr. Deputado perguntou se estávamos de acordo com a estratégia de crescimento. Sr. Deputado,
também já respondi a essa questão. O projeto de renegociação da dívida do PCP, definindo princípios e
orientações, não fica por aí, assinala as causas que estão na origem deste endividamento. E o PS também
tem responsabilidades, pois, durante o seu Governo, também se procedeu à desindustrialização, ao abandono
das pescas e da agricultura, ao abandono do aparelho produtivo, à privatização de setores básicos
estratégicos da economia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Ora, tudo isso contribuiu para o agravamento da dívida.
Dizemos no nosso projeto de resolução que é necessário promover, investir e defender a produção
nacional. É esse o caminho. Temos de produzir mais para dever menos. Dizemo-lo há três anos, mas vemos