17 DE ABRIL DE 2014
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Pausa.
Srs. Deputados, julgo já estarem reunidas as condições para podermos prosseguir.
Antes, porém, devo dizer aos Srs. Deputados que há um grande ruído na Sala. A interrupção também o
permitiu, mas pedia-lhes que retomassem as condições necessárias para o debate.
Tem, então, a palavra, para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Paulo Sá, o Sr. Deputado Eduardo
Cabrita.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, o tema que o PCP traz ao debate
desta tarde é indiscutivelmente um tema oportuno. É oportuno porque a evolução da dívida e a sua
insustentabilidade reflete aquele que é o lado mais fracassado da estratégia de ir além da troica, como
desgraçadamente o Memorando de Entendimento tem vindo a ser aplicado ao longo destes três anos.
Mas o PCP, para que este debate seja útil, não se pode furtar a ter um contributo positivo para aquilo que é
a resposta a esta dramática situação. É que o PCP não pode entender que é necessário, num contexto de que
tudo é igual, continuar na mesma linha que há três anos nos empurrou para a assinatura do Memorando da
troica.
Aplausos do PS.
Portugal aderiu ao euro com uma dívida inferior a 60% do PIB. Violou a regra dos 60% em 2004, no
Governo do Dr. Durão Barroso.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Em 2007, o último ano antes da crise, Portugal reduziu o volume da sua
dívida relativamente ao PIB, reduziu a dívida quando a economia estava a crescer e também num quadro do
menor défice em democracia.
É neste quadro que temos de analisar aquilo que tem sido a evolução dos últimos três anos: em 2010, a
dívida era de 94%; e, em 2013, a dívida é de 129%. Desde que a direita chegou ao poder, a dívida subiu 51
000 milhões de euros, ou seja, teve o maior crescimento de sempre na história da democracia portuguesa.
E é com isto que temos de confrontar o PCP. Então, qual é a sua participação naquele que é hoje um
grande consenso nacional, de que a dívida só é sustentável com uma estratégia de crescimento e de
emprego?
O manifesto recentemente assinado por portugueses de todas as orientações políticas e que, aliás, deu
origem a uma petição que hoje foi distribuída para análise na Assembleia da República, diz-nos com clareza
que só com crescimento económico, só com uma política de promoção do emprego é que a dívida é
sustentável.
E é por isso que a questão europeia é aqui fundamental. O Partido Socialista assume plenamente a sua
tradição europeia, de quem aderiu à Europa, de quem esteve na adesão ao euro, de quem esteve na
preparação do Tratado de Lisboa. E é com uma Europa solidária, e não com a traição à Europa e com a
traição a Portugal que o Governo de direita tem representado, que existe uma resposta para a dívida.
Aplausos do PS.
A mutualização da dívida é, hoje, fundamental, quando 13 dos 18 Estados da zona euro têm uma dívida
superior a 60%. Renegociar a dívida foi o que fez a Irlanda, ao prolongar o pagamento das notas promissórias
até 2053 — 2053!
Vozes do PS: — Muito bem!