I SÉRIE — NÚMERO 76
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potestativo) para uma audição, invocou a presença da troica e as muitas reuniões que tinha para só poder vir
cá depois do dia 3 ou do dia 4 de maio.
Ora, eu acho absolutamente inaceitável que um ministro da República possa invocar a presença da troica
em Portugal para não vir fazer uma coisa tão simples como é responder na comissão parlamentar.
Aplausos do BE.
Protestos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta, que será a última desta tarde, é de Os Verdes.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (OS Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, julgo que tem de ficar muito
claro neste debate o seguinte: o então Ministro Vítor Gaspar, em 2011, disse que os cortes salariais eram
«temporários» — aliás, foi esta a expressão que utilizou — e, mais, que esses cortes existiriam durante a
vigência do programa de ajustamento. Ou seja, Sr. Primeiro-Ministro, esses cortes estariam agora a acabar.
Ora, quando o Sr. Primeiro-Ministro diz que estes cortes vão continuar, ou, agora, no novo palavreado do
Primeiro-Ministro, que vão ser substituídos por outros cortes, é preciso que fique claro que o Governo está a
adicionar austeridade e a adicionar cortes, porque está a prolongá-los no tempo.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, lhe digo: não vale a pena brincar com as palavras! O que
vale bem a pena é ter noção de que as pessoas vão continuar com menos dinheiro no bolso.
Sr. Primeiro-Ministro, o que aconteceu aqui, hoje, relativamente às declarações que fez sobre o salário
mínimo nacional também é muito paradigmático da atitude do Governo.
Veja bem que o Sr. Primeiro-Ministro começou por dizer que não houve aumento do salário mínimo
nacional porque a troica não deixava. Coitado do Governo! Parece até que tanto queria, mas a troica não
deixava!…
Confrontado com declarações anteriores, contraditórias com estas que aqui proferiu, veio, afinal, o Sr.
Primeiro-Ministro, numa segunda intervenção, dizer que considerava mesmo errado o aumento do salário
mínimo nacional.
Parece que agora, como se aproximam eleições, o Primeiro-Ministro já é favorável ao aumento do salário
mínimo nacional, dizendo até que ele deve aumentar de facto, porque até já devia ter aumentado!…
A pergunta que quero fazer é a seguinte: o Sr. Primeiro-Ministro prepara-se para aumentar o salário
mínimo nacional e depois retirar, por outro lado, por via de suplementos remuneratórios, de horas
extraordinárias ou da facilitação do desemprego aos mesmos trabalhadores?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Boa pergunta!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ou seja, prepara-se para dar com uma mão e retirar
imediatamente com duas?!
Sr. Primeiro-Ministro, hoje, quero também colocar-lhe a questão do amianto, naturalmente. Passaram os
dois meses que o Sr. Primeiro-Ministro disse que eram necessários para concluir a listagem — onde é que
eles já lá vão!… — e eu quero hoje, Sr. Primeiro-Ministro, que me dê a listagem dos edifícios públicos com
amianto.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, nós, a cada passo, nestes
debates, voltamos invariavelmente às mesmas questões…
Vozes do PS, do PCP, do BE e de Os Verdes: — Ah, pois! Claro!