24 DE ABRIL DE 2014
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Programa de Emergência Social, transferimos para as famílias mais rendimentos para as poder proteger, se
isto não é defender o Estado social, é o quê?!
Portanto, Sr. Deputado, não há dúvida de que a crise afeta todos, e não afeta todos da mesma maneira.
Mas que má caricatura é dizer que está em causa o nosso Estado social devido às respostas que
adotámos! Sr. Deputado, o Estado social esteve em risco em 2011, não em 2014.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado colocou-me algumas perguntas que me pareceram ser mais objetivas quanto às questões
dos compromissos com o FMI ou com a troica, nomeadamente a pergunta relativa à negociação coletiva.
Creio já ter tido ocasião de explicitar que os mecanismos de negociação coletiva não podem deixar de
estar ligados, via representatividade dos acordos nas portarias de extensão, a critérios objetivos que tornem
estes mecanismos eficazes e eficientes. Mas é verdade que se reconheceu, depois das alterações que foram
introduzidas, que houve alguma rigidez excessiva e que é preciso dinamizar a contratação coletiva, o que foi
assumido pela própria troica. E nós comprometemo-nos, no âmbito da 11.ª avaliação, a apresentar soluções
que permitam, sem ferir a representatividade que é preciso garantir para estender essa contratação coletiva,
criar alguma flexibilidade que seja dinamizadora da contratação coletiva.
Portanto, Sr. Deputado, sim, estamos comprometidos em procurar encontrar mecanismos de flexibilização
da negociação coletiva.
Quanto às indeminizações por despedimento ilegal, como também já tive ocasião de esclarecer essa
questão foi suscitada pela troica e nós comprometemo-nos a debatê-la em sede de concertação social. Não há
nenhuma dúvida de que o despedimento ilegal não poderá deixar de ser discriminado negativamente face ao
despedimento legal.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas isso tem a ver com o valor da indeminização!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A questão que se põe é a de saber se a arbitragem que existe face ao valor
entre indeminização por despedimento ilegal e por despedimento legal deve ou não ser reduzida, por isso
comprometemo-nos, no seio da concertação social, a fazer esta avaliação também. Não há ainda um
resultado final, mas espero que possa ser obtido rapidamente.
Finalmente, o Sr. Deputado perguntou se vou ou não condicionar as pensões, no futuro, à economia e à
demografia. Sr. Deputado, as pensões já estão condicionadas à demografia. Como sabe, o fator de
sustentabilidade garante, já hoje, que o valor da pensão esteja relacionado com a sustentabilidade e, portanto,
com a demografia.
Perguntará o Sr. Deputado: «E quanto à performance da economia?». Não digo que não, Sr. Deputado,
mas não é uma medida que esteja, nesta altura, fechada e construída. Nessa medida, não lhe posso
responder mais cabalmente. Admito o princípio, mas não é uma matéria que esteja, nesta altura, encerrada.
Perguntará também: «Então, porque falam disso?». É muito simples, Sr. Deputado: é por razões de
transparência, isto é, para evitar aquilo que muitas vezes alguns Srs. Deputados não se coíbem de querer
fazer, que é criar a ideia de que uma coisa é o que se negoceia às claras, outra coisa é o que se negoceia às
escondidas. Ora, não há nada escondido, todas as considerações que a troica tem a fazer escreve e publicita.
Umas vezes estamos de acordo, outras vezes não estamos; umas vezes chegamos a entendimento no review
seguinte, outras vezes não chegamos. É assim, Sr. Deputado.
Mas, apesar de tudo, não podemos deixar de enaltecer essa transparência que permite ao Sr. Deputado
formular tais questões.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.