I SÉRIE — NÚMERO 78
22
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os que trilham o caminho da demagogia podem ter uma popularidade efémera mas nunca conseguirão
combater eficazmente a corrupção. Pelo contrário, contribuem para descredibilizar as iniciativas sérias para a
prevenir e as investigações em curso para a combater.
Na vida pública portuguesa, vê-se com preocupante frequência serem postos em causa valores essenciais,
como o rigor e a seriedade, e até a urbanidade que deve pautar o convívio democrático entre os que têm
ideias e opiniões divergentes. Em detrimento de uma análise dos problemas reais dos portugueses e de um
estudo aprofundado de assuntos essenciais para o nosso futuro, privilegia-se o insulto e a difamação, o
imediatismo e a superficialidade.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — Caso persista, esta tendência levará a um progressivo afastamento dos
cidadãos, sobretudo dos mais jovens, relativamente à atividade política. E, desse modo, o necessário e
saudável escrutínio cívico das instituições e da ação dos titulares de cargos políticos será substancial e
perigosamente reduzido.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Os meios de comunicação social têm um papel decisivo a desempenhar e devem estar conscientes da
responsabilidade que advém da influência que exercem sobre a opinião pública.
A comunicação social deve informar e esclarecer os cidadãos com objetividade e com rigor, dando espaço
ao confronto de opiniões livres mas fundamentadas. No dia em que a verdade e o rigor da informação forem
totalmente sacrificados a favor do impacto sensacionalista, estaremos, afinal, a criar novas formas de ditadura.
Aplausos do PSD, de Deputados do PS e do CDS-PP.
Ao celebrar os 40 anos do 25 de Abril, podemos dizer que Portugal é hoje uma democracia consolidada,
um Estado de direito em que as liberdades cívicas são respeitadas.
No entanto, e como é comprovado por diversos estudos de opinião, existe uma insatisfação crescente com
o funcionamento do nosso sistema político. Os partidos devem fazer uma reflexão serena, mas urgente, sobre
as causas dessa insatisfação.
Como já referi, tem-se agravado, entre outras, a tendência para privilegiar o acessório e o efémero em
detrimento do essencial. Os partidos têm de perceber, de forma inequívoca, que, mais cedo ou mais tarde, a
insatisfação com o sistema político e o desinteresse dos cidadãos acabarão por afetar a própria atividade
partidária.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — A democracia não corre perigo, mas, 40 anos depois do 25 de Abril, é
tempo de os partidos repensarem o sentido da sua ação e assumirem a responsabilidade que lhes cabe na
construção do futuro de Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr.as
e Srs. Deputados, o 25 de Abril fez-se há 40 anos, mas os seus ideais continuam vivos. A luta por um
Portugal livre e democrático, por um País mais desenvolvido, é um traço de união entre os portugueses.
O dia 25 de Abril não tem proprietários nem deve servir de arma de arremesso na luta política.
Vozes do PSD: — Muito bem!