26 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Presidente da República: — Os ideais de abertura ao diálogo democrático que inspiraram o regime
que instituímos há 40 anos mantêm plena validade no Portugal de hoje.
O 25 de Abril não foi feito para dividir os portugueses mas, sim, para uni-los em torno de um desígnio
comum.
Sem prejuízo da natural diversidade de opiniões e do confronto de ideias que é próprio de uma democracia,
os desafios que Portugal enfrenta atualmente são de uma tal dimensão que não se compadecem com uma
prática política que faz prevalecer a crispação e o conflito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Perante a dimensão desses desafios, que não se colocam a um partido ou a um governo em concreto mas
a Portugal inteiro, temos de tomar uma opção decisiva: ou persistimos numa visão de curto prazo, olhando
para aquilo que nos divide, ou pensamos Portugal numa perspetiva de futuro, partindo daquilo que nos une.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — O nosso combate não é menor do que o daqueles que fizeram o 25 de
Abril. Conquistada a liberdade, consolidada a democracia, este é o tempo de lutarmos por um país mais
desenvolvido e mais justo.
Portugal só será um País mais justo se for mais desenvolvido. E Portugal só será um País mais
desenvolvido se existir um esforço coletivo para alcançarmos um compromisso de futuro quanto aos grandes
desígnios nacionais.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É tempo de abandonarmos a política de vistas curtas, ditada pelo taticismo e pelos interesses de ocasião.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Precisamos de um discurso de esperança que mobilize os portugueses para os desafios que temos à
nossa frente.
Precisamos de professores motivados, investigadores empenhados, servidores do Estado valorizados,
agentes culturais criativos, jovens empreendedores, uma comunidade de empresários e trabalhadores com
espírito vencedor.
Ao fazer uma retrospetiva destas quatro décadas, facilmente concluiremos que só nos aproximámos dos
ideais de Abril quando soubemos unir-nos nas opções essenciais.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente da República: — Unimo-nos contra a ameaça de novos totalitarismos, em tempos
difíceis em que este Parlamento chegou a ser cercado e os seus Deputados foram sequestrados.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Unimo-nos quando conseguimos aprovar uma Constituição que é a matriz fundadora do nosso regime
democrático e do Estado social de direito.
Unimo-nos quando aderimos à Comunidade Europeia e nos tornámos num Estado-membro que mereceu o
respeito dos seus congéneres pela forma dinâmica como, por mais de uma vez, soube assumir a presidência
da União.
Sempre que estivemos unidos, estivemos mais próximos dos ideais de Abril.
Não é por acaso que o espírito de compromisso e de entendimento entre as diferentes forças políticas está
na base das regras do sistema democrático consagradas na nossa Constituição.