3 DE MAIO DE 2014
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças e demais
Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero dizer à Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças que
gostava que falássemos aqui com muita clareza para que as pessoas pudessem perceber o que está, de
facto, a passar-se neste País. O aumento da taxa normal do IVA, de 23% para 23,25%, se não se chama
aumento de impostos, chama-se o quê? Chama-se uma coisinha de nada, como lhe chamou o Deputado Luís
Montenegro?! Chama-se o quê? Para que as pessoas percebam exatamente o que lhes vai cair em cima,
como se chama?
O Governo sofre de um troiquismo tal, Sr.ª Ministra, que não consegue pôr-se na pele dos portugueses, e
acho que isto é uma coisa muito grave. Repare bem, Sr.ª Ministra, o que é dizer o seguinte aos portugueses:
«Nós retirámos-vos x através do método A; agora, vamos repor-vos progressivamente esse x, que vos
retirámos através do método A, mas, progressivamente, vamos retirar-vos x através do método B». O que é
que isto significa para os portugueses? Significa que não se vai regularizar o seu poder de compra, significa
que os portugueses vão continuar a sentir as mesmas dificuldades no seu bolso. É isto que o Governo não
consegue perceber!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E, se o Governo não consegue perceber isto, não consegue
perceber as dificuldades com as quais se confrontam os portugueses. Por que é que isto acontece? Porque o
Governo está a regularizar as contas do País, como diz, só através daquilo que está a tirar aos portugueses e,
portanto, como tem metas de défice para cumprir, não vai repor nada! À medida que vai repondo, vai retirando
de outra forma! É isto que o Governo não quer admitir, Sr.ª Ministra, porque não quer falar verdade aos
portugueses.
Há uma outra matéria no DEO que nos preocupa imenso e que tem a ver com as privatizações. O Governo
é muito claro no DEO: vai privatizar aquilo que puder privatizar. Agora, Sr.ª Ministra, conjugue isto com os
despedimentos ou as rescisões na função pública, como lhe queira chamar — pôr as pessoas na rua, é assim
que chama —, e isto é extraordinariamente grave para os serviços públicos de que os portugueses precisam.
O Governo está a fragilizar os serviços públicos de que os portugueses precisam e são as funções sociais do
Estado que estão ameaçadas com este Governo. Julgo que também é muito importante os portugueses terem
consciência desta matéria.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares, do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Diz-
nos a maioria que, afinal, o Documento de Estratégia Orçamental não é tão mau como a oposição refere,
quando, na prática, existia um conjunto de cortes e o Governo baralha para tornar a dar os cortes. E, com isto,
diz que há uma reposição?! Não há, Sr.ª Ministra! Não há qualquer reposição!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Há, há!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Senão, vejamos.
Os funcionários públicos vão receber mais? É a sua própria resposta que demonstra que não, porque vão
continuar a ter um corte remuneratório, não sabem o que aí vem, do ponto de vista de tabela salarial única, e é
a sua própria declaração que refere que alguns deles — quem sabe muitos deles — terão cortes salariais por
essa tabela salarial, pagarão ainda mais TSU, pagarão ainda mais ADSE, pagarão ainda mais IVA. Ora, não