8 DE MAIO DE 2014
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A pergunta que se deve fazer é esta: o que é que compensa os milhares de postos de trabalho perdidos e
os milhares de empresas fechadas, designadamente micro, pequenas e médias empresas?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Deputado, de facto, temos aqui um olhar completamente
diferente perante a realidade. Acho que é tempo de começar a olhar para as pessoas e para as consequências
concretas que as políticas têm sobre as pessoas. É isso que vos falta sobremaneira. Mas acho que não vos
falta por faltar, falta-vos porque os senhores não querem ver.
De facto, os Srs. Deputados João Ramos e Mariana Mortágua têm toda a razão: estamos a falar de uma
questão ideológica. Quando se governa olha-se para aquilo que se quer servir, e, de facto, este Governo
tomou as suas opções. Este Governo quer servir os grandes — quer servir o grande poder financeiro, quer
servir o grande poder económico.
Porque é que houve uma reforma do IRC? Para isso, para servir as grandes empresas. Quanto às micro,
pequenas e médias empresas, como o povo diz, «é só garganta»!… Nada mais!… Quanto a medidas
concretas, são sempre para «afundar», como, de resto, se prova com esta teimosia absurda de não se reparar
o erro tremendo que foi aumentar o IVA da restauração da taxa intermédia, de 13%, para a taxa normal, de
23%, agora agravada com o DEO, ao quererem aumentar a taxa normal para 23,25%.
O Sr. Deputado Luís Montenegro dizia, há alguns dias, que isso era uma coisinha de nada, quase nada,
como se fossem migalhinhas. É com estas migalhas que as pessoas têm empobrecido. Tiram daqui, tiram dali,
tiram de acolá e as pessoas veem-se sem nada!… Veem-se com negócios arruinados! Veem-se com a família
desgraçada! Veem-se no desemprego! Isto não é futuro para o País!
Saída limpa, Sr. Deputado?! Isto não é futuro para o País!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Elsa Cordeiro, do PSD.
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Podemos dizer hoje que Portugal,
nestes últimos três anos, fez grandes progressos — progressos na consolidação orçamental estrutural,
progressos ao atingir um reequilíbrio histórico nas contas públicas, progressos ao implementar reformas
estruturais, duradouras, que contribuem para o aumento da competitividade e da criação de riqueza.
Cumprido o Programa de Assistência Económica e Financeira, urge potenciar os sinais de recuperação
económica de Portugal e iniciar uma nova fase pós-programa, mas sempre tendo como horizonte a
continuidade da consolidação orçamental para se atingirem as metas dos défices desejáveis.
Repor já a taxa do IVA em 13% no setor da restauração significa aumentar a despesa fiscal. Esta perda
terá de ser compensada por uma ou mais medidas, de forma a assegurar, novamente, a necessária
consolidação orçamental.
O impacto orçamental desta alteração teria um efeito negativo na ordem de 200 milhões de euros,…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É falso!
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — … ao contrário do que muitos afirmam, principalmente algumas das
entidades interessadas no setor.
A necessidade de continuarmos a consolidar as nossas contas públicas obriga a que não se tomem
medidas precipitadas. Os que agora, mais uma vez, solicitam a reposição do IVA da restauração em 13% em
nada contribuíram para a recuperação do nosso País, nem para a saída da pré-bancarrota a que nos levaram
em 2011.
Vozes do PSD: — Muito bem!