14 DE MAIO DE 2014
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(3.ª) — Combate a pobreza, repõe direitos no acesso às prestações sociais (BE) e 543/XII (3.ª) — Revoga o
Decreto-Lei n.º 70/2010, o Decreto-Lei n.º 133/2012 e o Decreto-Lei n.º 13/2013, repondo critérios mais justos
na atribuição de apoios sociais (PCP).
Para apresentar o projeto de lei do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No momento em que dirigentes do
PSD e do CDS exibem as garrafas de champagne com que querem comemorar a saída da troica, 4 em cada
10 portugueses não conseguem sequer fazer face às mais básicas das despesas.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Estamos com 25% de famílias na pobreza, em situação de carência, e a
pobreza severa está a aumentar no nosso País.
Dos pobres, sabemos que 1 em cada 4 ficou mais pobre nos últimos 4 anos, devido às políticas de
austeridade, e sabemos que quem sempre foi pobre não teve nenhuma oportunidade, os apoios foram
retirados e hoje vive pior do que nunca.
As políticas de austeridade que provocam recessão, desemprego e agravam a situação social tiveram
como contrapartida nas políticas públicas sociais o pior dos dois mundos. Quando a recessão e o desemprego
aumentaram, os governos decidiram também cortar nas prestações sociais. Portugal foi dos países da União
Europeia que mais cortou nas prestações sociais e um dos que menos gasta em apoio social, sendo aquele
em que a pobreza mais cresce.
Foi cortado o abono de família a mais de meio milhão de crianças e sabemos que ser criança, em Portugal,
é estar em risco de pobreza. Nunca houve tão poucas crianças em Portugal e nunca houve tantas crianças
pobres em Portugal.
Os mais velhos, que vivem com pensões, sabem bem que não é verdade quando ouvem o CDS dizer,
tantas vezes, que aumentaram as pensões mínimas. Aliás, sabemos que quem vive com 200 € e teve 2 € de
aumento continua na pobreza e viu a sua situação piorar quando o complemento solidário para idosos foi
cortado; sabemos das famílias em que o desemprego de longa duração bate à porta, que perderam o acesso
ao subsídio social de desemprego e ao rendimento social de inserção; sabemos que, em Portugal, há tanta
gente que foi abandonada por este Governo.
Dizia hoje o Presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, que era preciso rever os critérios das prestações
sociais porque o empobrecimento das famílias continua a acontecer. Apelava mesmo a que não houvesse
preconceitos ideológicos nem populismos ao pensar na importância de medidas como o rendimento social de
inserção para combater a pobreza e para dignificar os direitos humanos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — No País em que houve dinheiro para todos os swaps que apareceram por
debaixo da mesa, no País em que o Governo considerou que havia folga para baixar os impostos às grandes
empresas, no País em que não param os benefícios fiscais às SGPS (sociedades gestoras de participações
sociais), tem de haver meios para assistir a quem está em situação de pobreza.
Por isso, o que o Bloco de Esquerda propõe é algo tão simples como revogar os decretos que foram feitos
pelo PS, pelo PSD e pelo CDS nestes últimos quatro anos e que acabaram com a rede de apoios sociais que
era essencial ao combate à pobreza. Resolve tudo? Não, não resolve tudo, mas é o mínimo da decência.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para apresentar o projeto de lei do PCP, tem a palavra a Sr.
Deputado David Costa.