I SÉRIE — NÚMERO 92
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Ainda assim, vale a pena recordar alguns pontos mais importantes do seu conteúdo, a saber, no que diz
respeito à transposição para o quadro europeu dos acordos de Basileia III, às atividades e supervisão deste
tipo de instituições, nomeadamente as alterações às questões das reservas prudenciais de fundos próprios, da
gestão de risco, da governação das sociedades e das sanções administrativas.
Srs. Deputados, estas não são questões menores no quadro bancário europeu e no quadro bancário
português. Exatamente por isso, e até porque a autorização legislativa é muito detalhada quer em relação ao
seu alcance quer, desde logo, porque se inclui o anteprojeto de decreto-lei, é que contamos com as avaliações
positivas dos pareceres do Banco de Portugal e do BCE.
Este tipo de debates perde alguma substância quando temos, de um lado, quem compreenda que o
sistema bancário é fundamental para o financiamento da economia e para a existência de projetos de
investimento e quando temos, do outro lado, quem considere que a banca só funciona se for nacionalizada, se
for tomada por burocratas do Estado que estejam lá colocados pelo poder político.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Sr. Deputado João Oliveira, sabemos bem que convivem mal com as revisões constitucionais que
consagraram a independência do sistema bancário face ao poder político e face ao poder administrativo e
burocrático daqueles que querem usar os bancos — como, às vezes, utilizam outras instituições — para fazer
política a favor de determinados pontos de vista partidários.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Aquilo que nos separava era um muro, que já caiu, mas é sobretudo
um mundo de diferenças, sabendo nós, no entanto, que é absolutamente fundamental que não aconteça, no
sistema bancário, o mesmo que aconteceu com os Estados que se endividaram e que tiveram de ir pedir aos
seus credores o bailout.
Para já, temos de ser prudentes, mas vale a pena também assinalar o relativo sucesso no processo de
recapitalização, que até funcionou com relativos ganhos ao nível de juros para os Estados e que permite que
hoje o sistema bancário português, em termos de rácios de capital, seja um dos mais sólidos da União
Europeia.
Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Estamos de acordo com as propostas
apresentadas, acompanhamo-las no que diz respeito ao ajustamento das tipologias deste tipo de entidades,
das regras em matérias de governação e da política de remuneração, seguindo, aliás, o que vem da União
Europeia e que o próprio BCE tem vindo a recomendar.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa não regista mais inscrições, embora os Srs. Deputados
ainda disponham de tempo.
Pausa.
Para uma intervenção, tem o Sr. Secretário de Estado das Finanças.
O Sr. Secretário de Estado das Finanças: — Sr.ª Presidente, queria apenas realçar e saudar o consenso
referido em relação a esta iniciativa.
Dando resposta a algumas questões suscitadas, devo dizer que é importante termos em consideração que
esta iniciativa é ampla e garante um nível de exigência substancialmente superior em matérias de natureza
diversa, como é o caso das exigências de governo societário e do quadro sancionatório, alargando o elenco de
medidas corretivas do Banco de Portugal, aprofundando a criação das bases de dados, racionalizando o
elenco de entidades como instituições de créditos, e também quanto a um aspeto essencial e consensual, que
é o da necessidade do reforço de constituição de reservas, fundos próprios e adequação do capital.