I SÉRIE — NÚMERO 92
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Valorizar o trabalho e os salários é fundamental para dinamizar a economia. Veja-se o que aconteceu com
a decisão do Tribunal Constitucional ao repor os subsídios de férias e os efeitos positivos, quase imediatos,
que teve na economia.
Mas, para o PCP, aumentar o salário mínimo nacional é fundamental para melhorar as condições de vida
de quem trabalha, para melhorar a distribuição da riqueza e isso é crucial para construir uma sociedade mais
justa e uma sociedade que projete os valores de Abril no nosso futuro coletivo.
Tal como em 1974, é necessário e urgente valorizar os salários também por via do aumento do salário
mínimo nacional, e é precisamente isso que o PCP propõe.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda traz, de novo,
um projeto de resolução que propõe a este Parlamento o aumento do salário mínimo nacional.
No dia 27 de maio de 1974 foi dado um passo e um sinal importantíssimo na vida dos trabalhadores e
trabalhadoras em Portugal. Era um sinal de que ninguém poderia viver abaixo de determinado limiar, limiar
esse que correspondia a uma vida de trabalho digna.
Passados 40 anos, estamos perante uma situação em que um Governo da direita impede que se aumente
o salário mínimo nacional e, por esta via, impede que milhares de trabalhadores vivam em condições de
dignidade mínima. O que temos hoje em Portugal são trabalhadores que, continuando a trabalhar,
empobrecem cada vez mais.
O Bloco de Esquerda já trouxe várias vezes ao Parlamento esta proposta. Sabemos que, caso o salário
mínimo nacional acompanhasse a evolução da inflação e do custo de vida, estaria hoje muito próximo dos 600
€. Lamentavelmente, hoje temos um salário mínimo que líquido não chega ao limiar real da pobreza. É disto
de que estamos a falar.
Os senhores da direita, que tanto foguetório fizeram com a saída da troica e do protetorado e agora
ficariam de mãos livres para dar um sinal de dignidade a milhares de trabalhadores, continuam escudando-se
na concertação social, alijando as suas responsabilidades de aumentar o salário mínimo nacional.
Em 2006, houve um acordo que previa que, em 2011, o salário mínimo fosse de 500 €. O Bloco de
Esquerda mantém no seu projeto de resolução, hoje em discussão, exatamente o percurso que foi feito até
2010. Assim, o salário mínimo deveria ser, em 2011, de 500 €; em 2012, de 515 € e em 2013, de 530 €.
Estamos hoje em 2014 e, para cumprir o desiderato que estava contido no acordo de 2006, o salário mínimo
deveria ter um valor não inferior a 545 €. É isto que hoje propomos.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Numa altura em que
discutimos duas iniciativas legislativas sobre o salário mínimo nacional, importa referir, antes de mais, que
chegámos ao ponto de esta Assembleia se ver obrigada a recomendar ao Governo que cumpra os
compromissos assumidos em sede de concertação social.
De facto, se é verdade que não é a primeira vez que este assunto é aqui discutido, sucede que, antes, este
Governo PSD/CDS usou e abusou do pretexto da presença da troica para se furtar a esse compromisso.
Agora já não pode evocar esse obstáculo para continuar a adiar a reposição desta gritante injustiça, porque a
troica entretanto já foi embora.
Portanto, vamos esperar que seja desta que a maioria aceite a reposição de tal injustiça.
Creio que não é necessário grande esforço nem grandes contas para se concluir que 485 € ilíquidos, ou
seja, 430 € líquidos para um salário mínimo é um valor baixíssimo. Diria mesmo que é ofensivo, face ao nível