7 DE JUNHO DE 2014
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Para terminar, refiro um aspeto que é importante, que é a preocupação de discriminação positiva do
consumo de fundos próprios das instituições de crédito para o financiamento de pequenas e médias empresas
e de empresas exportadoras. Este aspeto é fundamental para que o financiamento da atividade produtiva
nesses segmentos continue a aumentar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições, pelo que
podemos dar por concluída a discussão, na generalidade, da proposta de lei n.º 225/XII (3.ª).
Despedimo-nos, em nome da Mesa, da Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da
Igualdade e do Sr. Secretário de Estado das Finanças.
Tal como consta do guião, haverá votações regimentais às 12 horas. Sucede que o guião de votações está
a ser objeto de várias alterações, pelo que sugiro à Câmara que passemos ao ponto 4 da ordem de trabalhos
e que só depois passemos ao período das votações.
Pausa.
Uma vez que nenhum Sr. Deputado se opõe, vamos, então, proceder à discussão conjunta dos projetos de
resolução n.os
1044/XII (3.ª) — Aumento do salário mínimo nacional (PCP) e 1057/XII (3.ª) — Recomenda ao
Governo que cumpra o acordo sobre o aumento do salário mínimo antes impedido pelo Memorando da troica
(BE).
Para apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A criação do salário mínimo nacional,
importante conquista da Revolução de Abril, significou uma importante melhoria das condições de vida dos
trabalhadores, progresso, melhor distribuição da riqueza, contribuindo, assim, para a construção de um País
mais justo.
Se o salário mínimo nacional acompanhasse a evolução da inflação ao longo destes anos, hoje teria de ser
aumentado em 100 €, ficando assim, em 585 €. Mas está em 485 € que, na verdade, são 432 € líquidos. Este
é um dos mais baixos salários mínimos de toda a União Europeia, que atira cada vez mais trabalhadores para
a pobreza, envergonhando o nosso País e deixa claro como é injusta a distribuição da riqueza nacional.
Por muitas voltas que o Governo dê, a verdade é que o Governo PSD/CDS, à imagem do que fez o
Governo PS, não aumenta o salário mínimo nacional porque não quer. Não aumenta o salário mínimo nacional
porque está comprometido com uma estratégia de empobrecimento dos portugueses.
Não aumenta o salário mínimo nacional porque está empenhado, de alma e coração, com uma estratégia
de agravamento da exploração de quem trabalha. O Governo PSD/CDS não aumenta o salário mínimo
nacional porque quer que os ricos fiquem cada vez mais ricos à custa de quem trabalha.
Hoje, o Governo PSD/CDS — apesar de ter existido um acordo de concertação social que determinava
que, em 2011, o salário mínimo nacional fosse de 500 € — não só mantém o salário mínimo nos 485 €, como
se prepara para o usar como moeda de troca para garantir mais e mais exploração.
À boleia das ditas «negociações» — que se eternizam — para aumentar o salário mínimo nacional, o
Governo prepara-se para atacar a contratação coletiva e manter até ao final do ano a redução do pagamento
do trabalho suplementar, isto é, apenas consideram o aumento do salário mínimo nacional num quadro em
que se preparam para reduzir, de forma generalizada, os salários, demolindo a contratação coletiva.
Assim, entre o que dá e tira, o Governo vai governar, mais uma vez, a favor dos grandes grupos
económicos e atacar os salários de todos os trabalhadores.
Por outro lado, e ainda não satisfeito, o Governo pretende que os futuros aumentos do salário mínimo
nacional estejam condicionados à evolução da produtividade para o manter em níveis inaceitavelmente baixos.
O PCP propõe o aumento do salário mínimo nacional imediatamente para os 515 €, perspetivando a
continuação do seu aumento faseado para que atinja os 600 €. Além de ser uma medida elementar para
garantir mais justiça na distribuição da riqueza, terá um reduzido impacto nas empresas — custos inferiores a
0,2% — e contribuirá para a dinamização do mercado interno com efeitos positivos no emprego.